Formação em serviço sobre gestão de escolas inclusivas para diretores de escolas de educação infantil.

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

Vivemos em um contexto de uma sociedade globalizada em que mudanças são exigidas em todos os âmbitos na busca da melhoria da qualidade de vida das pessoas. Paralelamente aumenta a parcela dos excluídos e com isso o discurso da inclusão social toma conta dos debates políticos e educacionais. A escola, como um segmento da sociedade, também tem se deparado com a tarefa de oferecer uma educação de melhor qualidade a todas as crianças. No caso específico da educação de crianças com necessidades educacionais especiais o debate também vem sendo inserido neste novo conceito de escola inclusiva, que seja mais aberta às diferenças. Diante das demandas atuais aponta-se a melhoria na qualificação da equipe escolar como aspecto fundamental para a garantia de transformação que a escola necessita, e a pesquisa nacional sobre inclusão escolar têm atentado para o problema da formação e atuação de professores. Entretanto, é preciso considerar que um papel de liderança por parte do diretor escolar tem sido identificado como um fator primordial na construção de escolas que sejam cada vez mais inclusivas. Considerando portanto, que este papel do diretor requer novos conhecimentos, atitudes, e habilidades para lidar com as condições atuais e as tendências emergentes na educação geral e especial, o presente estudo teve como objetivo discutir as questões referentes a gestão escolar e sua influência na construção de escolas inclusivas, desenvolver, implementar e avaliar um programa de formação, voltado para diretores de escolas de educação infantil, tendo em vista a perspectiva de inclusão escolar. Primeiramente foi feito um estudo sobre o perfil profissional do diretor de escolas e suas necessidades de formação, por meio do acompanhamento da rotina de trabalho de um diretor durante quatro meses, em 21 visitas para observação e análise da documentação da escola (plano escolar e regimento). Posteriormente foram entrevistadas várias pessoas (a diretora, a professora de um aluno com deficiência, os pais deste aluno e a pedagoga que atendia esta criança em um centro especializado) com a finalidade de conhecer mais o papel do diretor na visão de cada um desses segmentos. A partir dos dados coletados e de conceitos desenvolvidos por autores da área de gestão e inclusão escolar foi elaborado um questionário fechado que foi enviado para todos os 60 diretores da rede municipal de escolas de educação infantil de Bauru, a fim de coletar mais informações sobre as necessidades de formação destes profissionais para atuarem como gestores de escolas inclusivas. Os resultados deste primeiro estudo indicaram que apesar de terem conhecimento legal sobre a política de inclusão escolar, na prática o papel do diretor parecia se caracterizar por uma ênfase nas questões burocráticas da escola, pela centralização nas decisões e desconhecimento de como responder às necessidades educacionais de alunos com deficiências. A seguir foi desenvolvido e implementado um programa de formação em serviço para 41 diretores de escolas de educação infantil. O programa envolveu questões teóricas sobre a problemática da inclusão, e atividades práticas de gerenciamento e solução de problemas decorrentes das dificuldades reais do dia a dia. A avaliação do programa foi efetuada através de: a) testes situacionais de resolução em grupo das mesmas situações problema, no início e no final do programa, b) das narrativas pessoais sobre pessoas com necessidades educacionais especiais coletadas antes do programa, c) das narrativas baseadas em um questionário com cinco questões abertas sobre mudanças ocasionadas após o curso , na percepção dos próprios diretores, e d) um questionário fechado sobre os aspectos formais do programa. Os resultados indicaram que o programa produziu os resultados esperados nas percepções e atitudes dos diretores, pelo menos no âmbito do discurso. A discussão baseou-se na conclusão de que, embora tais iniciativas de programas de formação em serviço sejam necessárias, elas não são suficientes, pois, a transferência das mudanças nos discursos para as práticas educativas no cotidiano das escolas não é automática, o que sugere que a formação tem que ir além, garantindo acompanhamento através do trabalho coletivo e do estabelecimento de uma cultura de colaboração e de valorização da diversidade humana. Enfim, o caminho sugestivo para a mudança parece se centrar no desafiante papel do diretor, que tem que exercer uma liderança firme, mas que ao mesmo tempo deve promover processos coletivos de planejamento, organização e desenvolvimento do projeto político-pedagógico da escola

ASSUNTO(S)

educacao especial formação continuada gestão escolar inclusão escolar school management continued education educação especial school inclusion special education

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