Tendências temporais observadas em uma coorte de gestantes infectadas pelo HIV acompanhadas no Rio de Janeiro de 1996 a 2004
AUTOR(ES)
Calvet, Guilherme Amaral, João, Esaú Custódio, Nielsen-Saines, Karin, Cunha, Cynthia Braga, Menezes, Jacqueline Anita, d'Ippolito, Marcos Machado, Cruz, Maria Letícia Santos, Martins, Ezequias Batista, Silva, Sônia Maria Santos, Medeiros, Adriana Ferreira, Matos, Haroldo José
FONTE
Revista Brasileira de Epidemiologia
DATA DE PUBLICAÇÃO
2007-09
RESUMO
OBJETIVOS: Descrever as tendências temporais nas características sociodemográficas, imunológicas e virológicas e as das condutas utilizadas para reduzir o risco da transmissão mãe-filho do HIV. MÉTODOS: Estudo de coorte retrospectivo em uma instituição de saúde terciária no Rio de Janeiro de janeiro de 1996 a dezembro de 2004. A análise utilizou a estratificação em três períodos de tempo: 1996-1998 (P1), 1999-2001 (P2) e 2002-2004 (P3). RESULTADOS: Em 9 anos, 622 gestações foram acompanhadas. As complicações foram: mortalidade materna 0,3%, natimortos 2,5%, abortos 0,6%, mortalidade neonatal 1,1%, prematuridade 9,9%, baixo peso ao nascer (BPN) 16,5%, malformações congênitas 2,2%. O número de gestantes HIV positivo triplicou ao longo do tempo, refletindo o aumento da prevalência da doença e a melhor identificação das pacientes. O diagnóstico da infecção pelo HIV antes da gestação aumentou de 30% em P1 para 45% em P3. A proporção de gestantes recebendo o tratamento combinado potente aumentou de zero em P1 para 88% em P3 com uma tendência significativa a ter uma carga viral abaixo do limite de detecção no parto nos últimos anos apesar de uma maior proporção de pacientes com doença mais avançada. O índice de cesarianas eletivas aumentou de 35% em P1 para 48% em P3. A taxa de transmissão perinatal global foi de 2,4% caindo de 3,5% em P1 para 1,6% em P3. Os desfechos neonatais tenderam a permanecer constantes ou a melhorar ao longo do tempo. Um discreto aumento dos índices de BPN e de malformações congênitas foi observado. CONCLUSÕES: Ao longo do período de estudo aumentou a proporção de gestantes HIV positivo com doença mais avançada e com padrão socioeconômico mais baixo. Por outro lado, a melhora da abordagem terapêutica dos pacientes infectados pelo HIV, associada a uma maior detecção de casos e maior acesso ao tratamento, resultou em uma redução da taxa de transmissão igualando-se à observada em países desenvolvidos com melhora concomitante de outros desfechos.
ASSUNTO(S)
transmissão materno-infantil do hiv terapia anti-retroviral na gestação estudo de coorte de gestantes hiv aids brasil
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