Nascimento pré-termo e restrição de crescimento fetal em gestantes brasileiras infectadas pelo HIV

AUTOR(ES)
FONTE

Rev. Inst. Med. trop. S. Paulo

DATA DE PUBLICAÇÃO

2015-04

RESUMO

Introdução: A infecção materna pelo HIV e comorbidades associadas podem ter duas consequências para a saúde fetal, a transmissão vertical e o desfecho perinatal adverso. Após o sucesso em reduzir a transmissão vertical, deve-se dar atenção ao risco potencial de nascimento pretermo (PRT) e de restrição de crescimento fetal (RCF). Objetivo: Determinar a prevalência de PRT e RCF em gestantes de baixa renda, infectadas pelo HIV, usuárias de terapia antirretroviral atendidas em hospital público terciário e verificar sua relação com o estágio da infecção viral. Casuística e métodos: Dentre os 250 partos de gestantes infectadas pelo HIV, ocorridos em um hospital universitário na cidade de Vitória, estado do Espírito Santo, Sudeste do Brasil, entre novembro de 2001 e maio de 2012, foram selecionadas 74 gestações não-gemelares, com idade gestacional confirmada por ultrassonografia e as dimensões neonatais: peso ao nascer (PN), comprimento (CN) e perímetros cefálico (PC) e abdominal (PA). Os dados foram extraídos dos prontuários clínicos e laboratoriais e o desfecho sumarizado como nascimento pretermo (PRT < 37 semanas), baixo peso ao nascer (BPN < 2500g) e como pequeno (PIG), adequado (AIG) e grande (GIG) para a IG, definido como tendo um menor valor, entre e maior que ± 1.28 z/IG escore, o critério clínico usual para demarcar os percentis 10 e 90. Resultados: PRT foi observado em 17,5%, BPN em 20,2% e PN, CN, PC e PA PIG em 16,2%, 19,1%, 13,8% e 17,4%, respectivamente. As respectivas proporções observadas nos casos de HIV e AIDS foram: PRT: 5,9 versus 27,5%, BPN: 14,7% versus 25,0%, PFN PIG: 17,6% versus 15,0%, CN: 6,0% versus 30,0%, PC: 9,0% versus 17,9% e PA: 13,3% versus 21,2%; somente a diferença de CN PIG foi estatisticamente significativa. Dentre 15 neonatos com BPN, oito (53,3%) eram somente PRT, quatro (26,7%) PIG somente e três (20,0%) PRT e PIG. Concomitância no mesmo caso de pelo menos duas dimensões PIG foi observada frequentemente. Conclusão: A proporção de baixo peso ao nascer foi maior que a prevalência local e brasileira e foi observada uma tendência para maior proporção de dimensões fetais PIG que a distribuição populacional esperada nesta pequena casuística de filhos de gestantes infectadas pelo HIV, usuárias de antirretrovirais, de baixa renda e assistidas em hospital público terciário. Observou-se também tendência para maior prevalência de PTR, BPN e dimensões fetais PIG em recém-nascidos de mães com AIDS comparados com os de mães infectadas por HIV sem AIDS.

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