Social interaction and communication in early childhood / Interação social e comunicação na primeira infância

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Esta pesquisa parte da visão da criança como agente ativo de seu próprio desenvolvimento. Buscou-se investigar a interação criança-criança, os processos formadores de "cultura" no grupo de brinquedo e o papel dos modos de comunicação verbal e não-verbal nestes processos de co-construção de significados compartilhados. Foram estudados os estilos de brincadeiras das crianças, as parcerias preferenciais entre elas e as mudanças nas formas de comunicação durante o período estudado. Os sujeitos foram crianças de 1 a 3 anos de idade, acompanhados semanalmente, durante 1 ano e meio, numa creche em São Paulo. Foram realizadas filmagens das crianças em momentos de atividade lúdica livre (com pouca interferência das educadoras), utilizando-se os métodos de amostragem "focal" e "varredura instantânea". Além disso, foram feitas sessões de observação semicontrolada, filmando-se, separadamente, duplas de crianças com maior ou menor afinidade social, brincando com 10 pares de objetos pré-selecionados. Os resultados mostram que as crianças comunicaram-se mais entre si do que com adultos, tanto de modo verbal quanto não-verbal. Do período inicial de coleta de dados para o final, houve uma diminuição significativa de comportamentos não-verbais indicativos de comunicação e um aumento significativo de episódios de verbalização. No período inicial, houve uma freqüência significativamente maior de verbalizações em contextos de interações agonísticas e imperativas, e no período final houve uma freqüência significativamente maior de verbalizações de convite para interação. Verificou-se um aumento da comunicação verbal quando as crianças estavam com idades entre 1 ano e 10 meses (a mais nova) e 2 anos e 6 meses (a mais velha). Quanto ao comportamento não-verbal, as crianças se comunicaram mais por olhares e expressões faciais, no entanto, no período inicial houve uma freqüência significativamente maior de vocalizações, no período intermediário houve uma freqüência significativamente maior de gestos e acenos e, no período final, de imitações. A imitação foi considerada como um meio das crianças compartilharem significados e de iniciarem ou manterem interações sociais. A situação de duplas foi favorecedora de episódios de imitação e ocorreu maior freqüência de interações sociais após imitação principalmente quando as crianças estavam com idades próximas a 3 anos. Em relação aos estilos de brincadeiras, duplas com maior afinidade social apresentaram freqüência significativamente maior de brincadeiras de contingência social do que duplas com menor afinidade; duplas formadas apenas por meninas brincaram mais de faz-de-conta, duplas formadas somente por meninos brincaram mais de brincadeiras paralelas e duplas mistas brincaram mais de brincadeiras do tipo "física". Quando em grupo, as meninas brincaram mais com outras crianças do que sozinhas, diferentemente dos meninos. Foram identificadas e descritas qualitativamente algumas formas de brincadeiras particulares do grupo estudado. A conclusão foi que crianças dessa faixa etária são capazes de construir e compartilhar significados no grupo, mesmo antes de dominarem a comunicação verbal. Porém, também há indícios de que a fala facilite os processos de compartilhamento e persistência de significados no grupo e favoreça o aumento da complexidade das brincadeiras entre as crianças.

ASSUNTO(S)

interação social tricks brincadeiras verbal communication etologia humana social interaction nonverbal communication childhood human ethology comunicação não-verbal comunicação verbal infância

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