Genotoxicidade subcrônica de Microcystis aeruginosa, Aflatoxina B1 e herbicida à base de glifosto em tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus)

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

No agronegócio brasileiro, a piscicultura se destaca como atividade em expansão, cujo êxito depende da qualidade da água e da alimentação. O manejo inadequado da ração, composta por grão susceptível à contaminação com aflatoxina B1 (AFB1), favorece a eutrofização da água, causando floração de cianobactérias, principalmente de Microcystis aeruginosa produtora de microcistina (MC), uma hepatotoxina promotora de tumor. A zona agrícola também contribui na contaminação do ambiente aquático através da lixiviação de agrotóxicos utilizados na plantação, como Roundup® (glifosato). Considerando a co-exposição de peixe a estes contaminantes, avaliou-se a genotoxicidade subcrônica da associação entre AFB1, M. aeruginosa linhagens BCCUSP 262 (produzindo MC-LR, -LF, -LW e 7-desmetil-MC-LR) e NPLJ 47 (somente MC-LR) e Roundup® em tilápia (Oreochromis niloticus) durante 185 dias (t185). As tilápias (N=210) foram distribuídas em 7 tratamentos: CN - Controle, T1 - AFB1 intraperitonial (i.p.) (10 µg/kg) em t0; T2 - BCCUSP 262 i.p. (1x105 células/kg equivalente a 488x10-4 µg MC/kg) em t62, t116 e t176; T3 - Roundup® (2,4 mg isopropilamina de glifosato/L) em três períodos: a) t38, t40, t42, b) t92, t94, t96, c) t146, t148, t150; T4 - T2+T3; T5 - T1+T2+T3; T6 - T1+50% BCCUSP 262 com 50% NPLJ 47 i.p. (5x104 células de cada linhagem/kg equivalente a 244,6x10-4 µg MC/kg)+T3. Amostras de sangue foram coletadas após 24 h de exposição a cada contaminante e analisadas pelo Ensaio Cometa e Teste do Micronúcleo. O CN apresentou escore médio de cometa elevado durante o experimento, provavelmente devido à alta densidade inicial (5,6 g/L), sendo esta comum em criação intensiva de peixe. Contudo, o CN apresentou predomínio de cometas classe 0 e 1, seguidos por freqüência média de micronúcleo entre 0,3±0,5 a 1,2±1,6 em 2000 eritrócitos/animal. No período t1, o tratamento T1 apresentou escore médio de cometa (76±16) e freqüência média de micronúcleo (11,3±3,9) superiores ao CN (p<0,05), indicando a mutagenicidade da AFB1. No período t18, o tratamento T1 apresentou escore médio de cometa de 269±12, porém com freqüência média de micronúcleo de 1,5±1,1, sugerindo genotoxicidade prolongada induzida por AFB1. Os escores médios de cometa no período t117, dos tratamentos T1 (177±36), T2 (181±40), T3 (222±28), T4 (178±33) e T6 (191±23) e, no período t171, do tratamento T5 (147±24) foram superiores ao CN (p<0,05), indicando genotoxicidade induzida por exposição subcrônica à AFB1, M. aeruginosa e Roundup®. No período t97, as freqüências médias de micronúcleo obtidas nos tratamentos T2 (5,2±2,2), T3 (3,7±1,9), T4 (3,8 ± 0,8) e T6 (6±2,1) também foram superiores ao CN (p<0,05), sugerindo o potencial mutagênico destes tratamentos em caráter subcrônico. Não houve diferença significativa entre tratamentos T1, T2, T3, T4, T5 e T6 ou interação entre AFB1, M. aeruginosa e Roundup® em sangue de tilápia. No entanto, observou-se tendência de maior freqüência de cometas classe 2 e 3 nos tratamentos com os três contaminantes (T4, T5 e T6) no período t151. O fato sugeriu o perigo da co-exposição a estes contaminantes ambientais, devendo-se prosseguir o estudo com ensaios a médio e longo prazo, utilizando doses sub-letais próximas à faixa de contaminação natural.

ASSUNTO(S)

tilápia (peixe) - toxicidade aflatoxins aflatoxina - toxicidade glifosato tilapia toxicity toxicity alimentos - análise food analysis

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