É possível utilizar um hipoglicemiante oral em paciente cirrótico com diabetes iniciada após a cirrose, ou a insulina deve ser a primeira escolha?

AUTOR(ES)
FONTE

Núcleo de Telessaúde Rio Grande do Sul

DATA DE PUBLICAÇÃO

12/06/2023

RESUMO

É possível sim utilizar hipoglicemiantes orais em pacientes cirróticos. Os medicamentos mais comumente utilizados – metformina e glibenclamida – não são hepatotóxicos e cirrose, por si só, não configura contraindicação. Contudo, nos casos de insuficiência hepática significativa, é necessário cautela uma vez que a toxicidade própria do medicamento pode ser potencializada – risco de acidose lática para metformina (muito raro) e hipoglicemia para glibenclamida – sendo preferível o tratamento com insulina. A escolha do tratamento e a definição de metas para o diabetes devem contemplar, além do perfil de comorbidades, os níveis glicêmicos e de hemoglobina glicada do paciente, suas preferências, expectativa de vida, motivação para o tratamento e resposta a medidas não farmacológicas.

HEPATOPATIA X FARMÁCOS – Disfunções hepáticas decorrentes de hepatite, hepatopatia por alcoolismo, cirrose, esteatose hepática e hepatocarcinoma em potencial reduzem a biotransformação de fármacos. Entretanto, a capacidade do fígado é de tal magnitude que, mesmo na cirrose grave, o comprometimento metabólico é de apenas 30% a 50% da função do paciente hígido. A redução no metabolismo pode determinar aumento de toxicidade.

TRATAMENTO INICIAL DO DIABETES – Sempre que possível, a metformina deve ser o tratamento de primeira linha para o diabetes 2 (dose inicial 500mg, frequência 1 a 3x/dia, dose máxima 2.550mg). Para minimizar intolerância gastrointestinal recomenda-se iniciar com doses baixas (500mg ou ½ comprimido de 850mg 1x/dia) após a alimentação e aumentar gradualmente (a cada 5 a 7 dias). A escolha dessa medicação deve-se ao seu perfil de segurança a longo prazo, efeito neutro ou até mesmo de redução do peso, ausência de hipoglicemias e sua capacidade de reduzir eventos macrovasculares. Reduz a HbA1c em 1 a 2%. Pacientes que apresentam glicemias capilares muito elevadas (>270 mg/dL) são candidatos a tratamento com insulina desde o início.

O diabetes faz parte do grupo das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). Seu controle adequado depende do acompanhamento longitudinal pelos mesmos profissionais para que seja possível avaliar adesão, resposta, efeitos adversos, complicações, etc. Cabe aos profissionais ter o discernimento de individualizar caso a caso, facilitando o acesso e dedicando um número maior de consultas àquelas pessoas mais doentes ou com maior dificuldade no controle glicêmico (acesso/longitudinalidade – atributos essenciais da atenção primária à saúde).

ASSUNTO(S)

apoio ao tratamento médico t89 diabetes insulinodependente diabetes mellitus hipoglicemiantes insulina

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