Avaliação da presença de ocratoxina A em alguns alimentos e bebidas nacionais. / Evaluation of the presence of ochratoxin A in some brasilian food and beverages.

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

A ocratoxina A é um composto nefrotóxico, teratogênico e imunotóxico produzido por espécies de Aspergillus e Penicillium. Foi demonstrado ser carcinogênico para ratos e é possivelmente carcinogênico para humanos. Tem sido encontrada nos mais diversos tipos de alimentos como cereais, alimentos de origem animal, cerveja, vinho, suco de uva e café. O Brasil é um grande produtor dos alimentos citados, bem como um grande consumidor. As micotoxinas constituem um problema dos mais sérios tanto para países desenvolvidos como para os em desenvolvimento. Condições climáticas, práticas agrícolas e de armazenamento, em muitos casos contribuem para o crescimento fúngico e conseqüente produção de micotoxinas concorrendo para agravar o problema em países em desenvolvimento. Há um grande número de alimentos produzidos e consumidos no Brasil que ainda não foram investigados para a presença de ocratoxina A ou o foram de maneira limitada. No primeiro caso estão os sucos de frutas de alto consumo como laranja, maracujá e abacaxi, assim como os cereais cevada, centeio e aveia. No segundo caso estão o suco de uva e a cerveja, dos quais um número reduzido de amostras foi examinado para a toxina até o momento. Em uma primeira etapa, a combinação de limpeza de extrato por coluna de imunoafinidade com quantificação da toxina por cromatografia a líquido de alta eficiência com detecção por fluorescência foi testada e otimizada para determinação de ocratoxina A em sucos de laranja, uva, abacaxi e maracujá, em cerveja e nos cereais cevada, centeio e aveia. Diferentes métodos descritos na literatura foram testados e modificados. Em uma segunda etapa, foi avaliada a incidência de ocratoxina A em sucos de uva, abacaxi, laranja e maracujá, cerveja, aveia, cevada e centeio produzidos e comercializados no país. Os limites de detecção para cada tipo de suco foram: suco de maracujá (0,05 ng/mL), laranja (0,03 ng/mL), uva (0,03 ng/mL) e abacaxi (0,14 ng/mL). A recuperação média de ocratoxina A foi de 74%. A toxina não foi encontrada em nenhuma das 144 amostras de sucos analisados sendo 31 de abacaxi, 29 de laranja 49 de maracujá, , 35 de uva e. Estes resultados, apesar de limitados em número, indicam que a incidência da toxina nos sucos de frutas nacionais examinados deve ser baixa ou mesmo inexistente. A recuperação média de ocratoxina A em cerveja foi de 93% para cerveja tipo Pilsen e 87% para cerveja escura. O limite de detecção foi 0,1 ng/mL. Das 123 amostras de cerveja (94 amostras de cerveja tipo Pilsen e 29 amostras de cerveja escura) analisadas, 5 amostras, todas do tipo Pilsen, continham ocratoxina A em teores de 1 a 18 ng/mL. A incidência de ocratoxina A encontrada em cerveja nacional no presente trabalho foi menor que a já relatada em outros países, porém os teores são mais elevados. Os teores encontrados não colocam em risco mesmo os grandes consumidores da bebida. A recuperação média de ocratoxina A foi de 68% para aveia, 65% para cevada e 83% para centeio. O limite de detecção para amostras de aveia integral, aveia em flocos e farelo de aveia, foi de 0,01 mg/kg e para farinha de aveia foi de 0,004 mg/kg. O limite de detecção para cevada em flocos foi de 0,01 mg/kg e para cevada em grão foi de 0,007 mg/kg. Para centeio em grão, o limite de detecção foi 0,004 mg/kg, para centeio em flocos foi de 0,006 mg/kg para centeio farinha foi de 0,005 mg/kg. Dentre as 80 amostras de cereais (28 de cevada, 22 de centeio e 30 de aveia) analisadas não foi detectada ocratoxina A, ao contrário do que ocorre em alguns países como os do norte da Europa, sobretudo da região dos Bálcãs. Estes resultados constituem uma indicação que atualmente a ocratoxina A não representa um problema na produção nacional de cevada, centeio e aveia.

ASSUNTO(S)

cereais suco de frutas ocratoxinas ochratoxins fruit juice beer cereals cerveja

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