As masculinidades na escola: histórias e memórias da escolarização de alunos da Educação de Jovens e Adultos da rede municipal de João Pessoa.

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Esta pesquisa teve por objetivo analisar como as concepções de masculinidade dos alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) têm interferido no seu processo de escolarização e no cotidiano escolar. Para alcançá-lo, o trabalho encontrou suporte teórico-metodológico nos Estudos de Gênero e na Nova História Cultural. A metodologia utilizada foi a história oral. Nesse sentido, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas, nas quais se buscou resgatar as memórias de vida de dez alunos do sexo masculino de turmas da EJA de duas escolas da rede municipal de ensino de João Pessoa (Paraíba), sobretudo no que diz respeito ao seu processo de escolarização e a sua socialização na masculinidade. Como técnicas complementares, a pesquisa recorreu à observação e à análise documental. Os resultados apontam que as concepções de masculinidade dos alunos se baseiam na suposta existência de uma natureza distinta para os sexos, que determinaria diferentes comportamentos para homens e mulheres na escola e contribuiria para a demarcação de fronteiras entre o feminino e o masculino no cotidiano escolar. Assim, predomina, entre os entrevistados, a opinião de que os garotos seriam mais propensos à bagunça, enquanto as garotas seriam mais dedicadas aos estudos. Esse aspecto é, inclusive, mencionado como um dos responsáveis por experiências de fracasso escolar (reprovação, evasão etc.). Por outro lado, evidenciando o que apontam alguns estudos sobre os distintos significados que a masculinidade adquire ao longo da vida de um homem e sobre a diversidade de modos de vivenciá-la, os alunos revelam que esse tipo de comportamento, considerado por eles como próprio do masculino, é mais comum entre meninos e rapazes, posto que, para os entrevistados, ser homem é ser responsável, respeitado, sincero, honesto, reto. Nessa direção, indicam mudanças na sua relação com a escola a partir da proximidade ou da assunção de responsabilidades por eles consideradas próprias de um homem adulto. A isso se liga a importância atribuída ao trabalho, elemento que ajuda a construir uma identidade masculina socialmente valorizada, a do provedor do lar. Além disso, as entrevistas apontam que questões relacionadas às condições sócio-econômicas dos alunos e à oferta deficiente de escolas em alguns municípios paraibanos também foram fatores que interferiram no processo de escolarização dos sujeitos da pesquisa.

ASSUNTO(S)

educação de jovens e adultos história oral educacao oral history masculinidade education of youth and adults masculinity

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