UMA EPOPÃIA DE INDIGNAÃÃO E TERNURA Meu querido canibal sob a Ãtica da metaficÃÃo historiogrÃfica
AUTOR(ES)
EugÃnia Mateus de Souza
DATA DE PUBLICAÇÃO
2007
RESUMO
A partir da leitura de Meu querido canibal, de AntÃnio Torres, esta dissertaÃÃo procura mapear o imaginÃrio colonial na contemporaneidade, atravÃs de uma revisitaÃÃo da histÃria, com um olhar pÃs-colonial. A cristalizaÃÃo quebra-se pelo paradoxo metaficcional, para permitir o encaixe de mais uma peÃa (versÃo) do mosaico que forma a naÃÃo/identidade cultural brasileira. O mito de naÃÃo, o enquanto fundador de comunidade, gerou um sem-fim de pesquisas e invenÃÃes das mais variadas e adversas possÃveis. Torres utiliza-se de mitos e mostra a narrativa de uma naÃÃo desvestida da cor, para reconhecer, em sua identidade, o hÃbrido gerado nÃo sà do processo de aculturaÃÃo, mas de algo mais especÃfico, do processo da transculturaÃÃo. VÃrios povos de territÃrios distintos se estabelecem num mesmo espaÃo, desenhando uma histÃria de diversidade cultural. à literatura cabe a funÃÃo de recuperar passado/presente, fora/dentro em atos antropofÃgicos para expressar a cultura nacional. Nesse mapeamento do imaginÃrio colonial, amplia-se um universo dentro das singularidades que nÃo permitem fronteiras, porque estas fronteiras sÃo construÃdas pelo homem, que resiste em reconhecer-se no outro. Meu querido canibal representa esse conflito em reconhecer o outro. As tribos indÃgenas aqui viviam em guerras; no entanto, a luta contra os invasores uniu os Ãndios dessas tribos, atravÃs do grande chefe Cunhambebe, na ConfederaÃÃo dos Tamoios. Os tamoios perderam o seu espaÃo, ficaram à margem â num lugar indefinido, vago â, mas buscavam reconquistar o seu lugar. Tarefa Ãrdua face à resistÃncia europÃia em aceitar uma âcultura incivilizada e desprovida de um mÃnimo de organizaÃÃoâ. Um redimensionamento do olhar permite uma conscientizaÃÃo da hibridez na formaÃÃo de uma identidade coletiva e plural. Uma hibridizaÃÃo em todos os sentidos: raÃa, linguagem, cultura... Nesse sentido surge o espaÃo do subalterno: o interstÃcio, o lugar nenhum. EspaÃo formado mediante o processo inegÃvel de transculturaÃÃo, formador do povo brasileiro, criador da imagem das fissuras da diversidade, situado num espaÃo intervalar desconhecedor de fronteiras que marcaram um passado de negaÃÃo, de superioridade, de exploraÃÃo. A antropofagia contemporÃnea, retomada por Torres atravÃs da ficÃÃo, repete de um outro lugar e com um outro olhar a histÃria da dominaÃÃo cultural.
ASSUNTO(S)
antropofagia naÃÃo identidade nation history histÃria literatura brasileira transculturaÃÃo identity anthropophagy transculturation
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