Retórica, roda de compadres, solidão e achaques da velhice: o Machado de Assis das cartas

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Este trabalho estuda as cartas de Machado de Assis, enfocando-as pelo viés da retórica da ars dictaminis, bem como levantando as temáticas mais expressivas das epístolas. O estudo mostra-se relevante, entre outros aspectos, devido a dois grandes motivos: 1) as cartas são analisadas enquanto pertencentes a uma tradição epistolar, com prescrições que lhe são inerentes, e não apenas como escritos que fornecem dados subjetivos ou objetivos à biografia do autor; 2) Machado de Assis é estudado sob um ângulo desconhecido ou pouco valorizado pela crítica e pela historiografia literária brasileira. Após analisar o lugar da carta no cenário da literatura no Brasil e fazer um mapeamento do que já foi dito ou deixou de ser dito criticamente sobre a epistolografia machadiana, o presente trabalho mostra algumas ausências temáticas, com seus supostos motivos, o caráter retórico da persona epistolar, bem como os assuntos mais recorrentes dos textos. Emerge das cartas um eu-missivista incomodado com a velhice e as enfermidades, referindo-se não raramente à solidão e à iminência da morte, resmungando do excesso de trabalho, ao mesmo tempo em que as cartas constroem uma imagem do autor como um homem discreto, sério, trabalhador, amante das letras, liderando a crítica-amiga de uma roda de compadres literatos. Por fim, apresentam-se referências metalinguísticas contidas no discurso epistolar de Machado, que sugerem práticas e significados da escrita de cartas na época do escritor.

ASSUNTO(S)

história da literatura escrita epistolar ars dictaminis machado de assis machado de assis ars dictaminis histoire de la littérature Écriture épistolaire letras

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