Helena de Machado de Assis; Imagens literárias e a retórica da morte da nação inconclusa

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Helena é o romance do perecível e do descontínuo, título denominador de uma personagem dialética que não se consuma e constrói a narrativa pela fragmentação seqüencial aliada a armação episódica. O romance é uma apoplexia fulminante ao projeto literário romântico. Por isso, o presente estudo busca pesquisar objetivamente elementos do romance que fariam parte de uma concepção de nação literária proposta por Machado de Assis, assim como na escritura clássica, onde a mulher é envolvida como metáfora da nação por um não heroísmo cultural, a exemplo do mito da Helena grega, onde o feminino mítico representa uma imagem de nação. O trabalho tem como aportes teóricos a concepção da história de Walter Benjamin, isto é, que esta se constrói como um recurso alegórico, as conclusões acerca da sociedade disciplinar oitocentista de Michel Foucault, a construção da nação como um jogo sutil de lembrar e esquecer de Wander Miranda e a retórica da morte e da perda refletido nos discursos do patrimônio cultural de José Reginaldo Santos Gonçalves, as quais permitem analisar a obra permeada de subjetivismo e conflitos existencialistas por Machado tê-la arranjado em dialética com as vanguardas literárias do romantismo e do realismo. Além desse relacionamento com o mito da Helena grega, expõe-se que personagens com a alcunha de Helena na obra machadiana não são incomuns. Assim como na Helena clássica, a Helena machadiana utiliza-se de três retóricas são a causa da apoplexia da nação. Neste jogo de lembrar e esquecer, no plebiscito diário, Machado elabora imagens ideais que forjariam o nosso passado mítico e o empenho do futuro. O sofrimento amoroso de Helena é o sofrimento da impossibilidade da nação o que teria levado o autor ao uso da linguagem alegórica, procurando algum equilíbrio no caos gerado pela oposição entre a crueldade vista e a comiseração disseminada em um espaço onde somente restava à personagem a confissão de sua culpa pela morte. Faz-se o simulacro da nação inconclusa, o espaço para o jogo do lembrar e esquecer, enquanto retórica da negociação de nossa brasilidade.

ASSUNTO(S)

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