Resíduo do processamento da palmenira-real (Archontophoenix alexandrae) orgânica: caracterização físico-química, aplicação em biscoitos fibrosos sem glúten e avaliação sensorial pelo consumidor celíaco

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

A industrialização do palmito para produção de conservas contribui para a geração de grande quantidade de resíduos sólidos, dentre eles folhas e bainhas foliares. O objetivo deste trabalho foi avaliar as propriedades tecnológicas, físico-químicas e sensoriais dos resíduos do processamento da palmeira-real (bainhas foliares) na elaboração de biscoitos fibrosos sem glúten. A microestrutura das bainhas foliares foi avaliada utilizando microscopia eletrônica de varredura e microscopia de fluorescência. Farinha de palmeira-real foi elaborada e avaliada quanto à composição química, açúcares neutros, ácidos urônicos e atividade antioxidante em extratos metanólicos e aquosos pelos métodos 2,2-azino-bis-(3-etilbenzotiazolina-6-ácido sulfônico) (ABTS) e 2,2-difenil-1-picrilhidrazila (DPPH). A composição química e propriedades físicas de biscoitos sem glúten contendo diferentes concentrações de farinha de palmeira-real (0-30 %) foram, também, determinadas. Amostras de massas de biscoitos sem glúten foram avaliadas através da análise de perfil de textura e os parâmetros de firmeza, adesividade, consistência, coesividade e elasticidade foram calculados. A preferência sensorial de biscoitos contendo 10, 20 e 30 % de farinha de palmeira-real foi determinada através de um teste ordenação preferência por vinte e um consumidores celíacos. A aceitabilidade global e intenção de consumo in home do biscoito preferido foram avaliadas por uma escala hedônica e de atitude de cinco pontos, respectivamente, por cento e um consumidores celíacos. Um questionário foi utilizado para auxiliar no recrutamento dos consumidores e estabelecer correlações dos dados coletados com os resultados dos testes sensoriais. Foi evidenciada a presença de drusas, depósitos de oxalato de cálcio, nas micrografias eletrônicas de varredura das bainhas foliares, o que corrobora com o teor de cálcio detectado na farinha de palmeira-real. A farinha de palmeira-real apresentou elevado teor de fibras alimentares e minerais, principalmente potássio, cálcio, magnésio e ferro. Os açúcares neutros em maiores proporções foram xilose, glicose e arabinose, indicando a presença de celulose e hemicelulose (arabinoxilanos) na farinha de palmeira-real. Extratos metanólicos apresentaram maior atividade antioxidante, havendo diferença significativa em relação aos extratos aquosos (p = 0,05). A adição de farinha de palmeira-real influenciou as características de textura das massas. Biscoitos contendo as maiores concentrações de farinha de palmeira-real apresentaram maior firmeza e necessitaram de maior força de fratura inicial. Não houve diferença significativa (p >0,05) entre a preferência sensorial dos biscoitos com 10 e 20 % de farinha de palmeira-real. A aceitabilidade global do biscoito contendo 20 % de farinha de palmeira-real foi de 4,50 0,69 e intenção de consumo de 4,30 0,60, o que caracteriza o produto como aceitável. Não foram evidenciadas correlações de preferência e grau de aceitabilidade do biscoito com as características socioeconômicas/demográficas dos consumidores celíacos. Os resultados do teste de aceitabilidade do biscoito sem glúten, por consumidores celíacos, justificariam a utilização da farinha de palmeira-real no desenvolvimento de novos produtos enriquecidos com fibras.

ASSUNTO(S)

ciencia de alimentos alimentos - avaliação sensorial resíduos agrícolas - reaproveitamento farinha como alimento palmeira real - subprodutos fibras na dieta doença celíaca

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