Recepção e uso de material escrito para formação de professor alfabetizador: um estudo de caso da Coleção Instrumentos da Alfabetização

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

15/12/2010

RESUMO

Esta pesquisa situa-se nos campos teóricos do letramento, da alfabetização e do saber docente e visa contribuir para a construção do conhecimento acerca da formação do professor alfabetizador, as apropriações que faz dos textos de formação, sua prática em sala de aula e políticas públicas educacionais. Atualmente, no Brasil, há inúmeras pesquisas cuja temática é a formação de alfabetizadores, as quais enfocam a formação e a incorporação de paradigmas de alfabetização; outras analisam a formação de alfabetizadores considerando as condições de recepção num macro contexto. A finalidade aqui é ampliar tal análise, relacionando a formação de professores alfabetizadores ao uso da Coleção Instrumentos da Alfabetização, elaborada pelo Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita, da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais em 2005. Busca-se identificar, sob o ponto de vista do professor, as condições de acesso e estudo sobre esse material, o uso que faz, em sala de aula: o que é utilizado, como e por que, além de possíveis impactos. Para tanto, a metodologia empregada baseou-se em observações sistemáticas e prolongadas da prática de alfabetização em sala de aula como também em análise e interpretação que ocorreram, simultaneamente, à coleta, de forma interativa, durante todo o processo de investigação de documentos e de entrevistas. Fundamenta-se, especialmente, esta pesquisa nos estudos sobre paradigmas de alfabetização empreendidos por Soares, Ferreiro e Chartier, formação de professores por Frade e Cardoso, e nas teorias de Schön, Chartier, Huberman e Perrenoud sobre saber docente. Entre as diversas variáveis que reconhecemos significativas para o trabalho do professor, o saber prático ocupou a centralidade no desenvolvimento desta pesquisa. Concluímos que há apropriações parciais de parte da Coleção como um todo e que tal fenômeno depende também da forma como se dá a formação continuada e do contexto específico da rede de ensino. O trabalho do professor no cotidiano da sala de aula não é de vetor único nem transposto diretamente de determinada formação, mas resultado de um processo constante de criação e recriação, construído mediante as informações acadêmicas disponíveis, os programas de formação em oferta, as exigências internas e externas à escola, as trocas entre os companheiros de trabalho, os inúmeros desafios enfrentados em seu trabalho de sala de aula, entre outros aspectos, todos mediados pelos saberes do professor que terminam por definir aquilo que é ensinado, o modo como e quando será ensinado. Numa dimensão mais individual, os professores avaliam, selecionam, usam e modificam as informações disponibilizadas em programas de formação, a partir de sua experiência profissional, principalmente, em função de seu trabalho diário. Considerando a dimensão social do trabalho do professor alfabetizador, indagamos se o contexto de trabalho do profissional, as condições de ensino de cada escola e de cada rede, as necessidades educativas locais estão no foco de atenção dos programas atuais de formação de professor. O grande desafio, neste sentido, é fortalecer o trabalho de profissionais que atuam diretamente nas instituições e que possam desenvolver estratégias de formação que não se esgotam numa política de cursos.

ASSUNTO(S)

educação - teses professores - formação - teses alfabetização - teses

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