Ocorrência de Acinetobacter baumannii resistente aos carbapenêmicos em pneumonias associadas a ventilação mecânica em uma unidade de terapia intensiva de adultos mista de um hospital universitário brasileiro: fatores de risco e prognóstico

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2011

RESUMO

Acinetobacter baumannii emergiu como um dos patógenos hospitalares mais importantes em UTIs nos últimos anos devido principalmente a sua maior resistência aos antimicrobianos. Os fatores de risco associados a PAV por A. baumannii variam de acordo com a unidade e há controvérsias sobre sua virulência e mortalidade atribuída. O objetivo deste estudo foi avaliar os fatores de risco e a mortalidade hospitalar no prazo de 30 dias em pacientes com PAV por A. baumannii bem como diferenças quanto a essa mortalidade hospitalar e o uso de terapêutica adequada ou inadequada em pacientes com PAV por A. baumannii multirresistente versus não-multirresistente. Um estudo de pacientes com PAV por A. baumannii (casos) versus pacientes em uso de ventilação mecânica sem PAV (controles) quanto aos fatores de risco e evolução, foi realizado na UTI de adultos, mista, do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia no período de 09/2008 a 08/2009. O hospital de Clínicas é de ensino e assistência terciária e sua UTI tem 15 leitos. O diagnóstico de PAV foi por critérios clínicos, radiológicos e microbiológicos com contagem ≥106 UFC/mL. A identificação das amostras foi feito com o Kit BD BBL Crystal Nonenteric e o antibiograma por difusão de disco seguindo as orientações do CLSI. Os resultados foram submetidos a análise univariada e multivariada e a investigação foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa da UFU. As PAVs foram usualmente tardias (90,0%), com A. baumannii como o segundo agente etiológico mais frequente (25,7%) seguindo a Pseudomonas aeruginosa (32,5%). Os fatores de riscos significantes associados à infecções por este microrganismo na análise univariada foram: gênero masculino (p= 0,0144; OR= 4,814), diagnóstico clínico na admissão (p= 0,0129. OR=0,239), diagnóstico cirúrgico na admissão (p= 0,0321, OR= 4.607) ventilação mecânica ≥ 7 dias (p= 0,0315, OR= 5,939), tempo de internação na UTI ≥ 20 dias (p=0,0002, OR= 9,578), uso prévio de antibióticos (p=0,0006, OR=6,333) e uso prévio de carbapenêmicos (p<0,0001, OR=10,250), persistindo como fatores independentes na análise multivariada uso prévio de carbapenêmicos (p=0,0249, OR= 6,280) e tempo de internação na UTI ≥ 20 dias (p=0,0148, OR= 7,427). A. baumannii foi responsável por cerca de um quarto das PAVs, com o uso prévio de carbapenêmicos e internação na UTI ≥ 20 dias comportandose como fatores de risco independentes. Embora a mortalidade hospitalar nas PAVs por este microrganismo não fosse diferente do grupo controle, elas foram causadas na sua maioria (87,5%) por amostras multiresistentes em pacientes em uso de terapêutica antibiótica empírica incorreta (87,5%).

ASSUNTO(S)

a. baumannii pneumonia associada a ventilação mecânica terapêutica empírica mortalidade carbapenêmicos imunologia aplicada infecção hospitalar pneumonia acinetobacter baumannii ventilator associated pneumonia empiric therapy mortality carbapenems

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