Interdiscursividade e constituição sujeitudinal em desmundo de Ana Miranda

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

Esta pesquisa, intitulada Interdiscursividade e constituição sujeitudinal em desmundo de Ana Miranda, fundamenta-se na teoria da Análise do Discurso francesa, principalmente nos pressupostos teóricos de Pêcheux, em interface com os estudos dialógico-polifônicos de Bakhtin e com as heterogeneidades de Authier-Revuz. Intenta-se demonstrar que a pluralidade e a multiplicidade de atravessamentos, trazidos ao interdiscurso por meio de um processo de interpelação, fazem com que o sujeito-personagem Oribela se constitua historicamente, reproduza ideologias e evidencie as contradições vigentes nos primeiros anos da Colonização do Brasil. A metodologia, qualitativa, analítico-descritiva de caráter interpretativista, tem como suporte as duas instâncias analíticas empreendidas por Santos (2004), a macroinstância, que situa o discurso em uma conjuntura enunciativa, e a microinstância, que foca as potencialidades significativas dos sentidos nas enunciações recortadas. Tenciona-se responder como o sujeito, concebido enquanto uma instância enunciativa sujeitudinal (IES), conforme a extensão teórica de Santos (2009), (des)constrói-se, desdobra-se e divide-se evidenciando os múltiplos atravessamentos interdiscursivos, instaurados pela memória discursiva e trazidos ao interdiscurso pelo processo de interpelação. A manifestação enunciativa da materialidade de desmundo reitera a interdiscursividade da obra por meio da relação dialógico-polifônica entre as vozes da tradição europeia, da tradição mulçumana e da tradição indígena, que atravessam essa obra e fazem a IES se ver no outro. Também, a diversidade de formações discursivas às quais se assujeita mostra o Oribela como um ser fragmentado e dividido que ocupa distintos lugares sociais e discursivos em contínua movência e alteridade. Em relação aos signos verbais e não-verbais que compõem a obra, concebemo-los como materialidades opacas e não-transparentes que, complementares, produzem efeitos de sentidos e representam a IES e a sociedade na qual ela se inscreve. A diversidade de línguas nas enunciações do sujeito (re)produzem ideologias, já o entrecruzamento de gêneros proporciona sentidos outros e firmam a constituição de Oribela. A questão investigativa proposta, numa análise interpretativa relacional, esclarece como a interdiscursividade é fundamental para a constituição sujeitudinal em desmundo de Ana Miranda.

ASSUNTO(S)

constituição sujeitudinal interdiscurso análise do discurso discurso linguistica análise do discurso - frança miranda, ana, 1951- discours analyse du discours interdiscours constitution du sujet

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