Faca sem ponta, galinha sem pe, homem com mulher : relações de genero nas brincadeiras de meninos e meninas na pre-escola

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2004

RESUMO

Relações de gênero nas brincadeiras entre meninos e meninas de 4 a 6 anos, de uma Escola Municipal de Educação Infantil de Campinas, SP - este é o foco desta pesquisa, que compreende as crianças como atores e atrizes dos processos sociais, como portadores e portadoras de história, reproduzindo e produzindo cultura. O estudo discute as formas de brincadeiras de meninos e meninas, buscando questionar o fato "natural de que meninos e meninas possuem papéis e comportamentos pré-determinados. Apresenta uma reflexão sobre a troca de papéis nas brincadeiras, fazendo uma discussão sobre os brinquedos considerados "certos" e "errados" para cada sexo. A análise discute os resultados de outras pesquisas e questiona quando afirmam que meninos e meninas demonstram comportamentos, preferências, competências, atributos de personalidade mais apropriados para o seu sexo, seguindo, desde bem pequenos, as normas e padrões estabelecidos. Desse modo, o estudo propõe-se a tratar o tema das relações de gênero de uma perspectiva diferenciada, na tentativa de um olhar não "aduItocêntrico", observando atentamente as transgressões dos papéis sexuais nos momentos de brincadeira, possibilitando enxergar novas formas de ser menino e de ser menina. Ao buscar contextualizar as condições em que ocorrem essas relações, a pesquisa aponta para as formas de construção cultural da corporalidade feminina e masculina e sua relação com as brincadeiras e os brinquedos. Desse modo, o brinquedo, é analisado como um artefato cultural, compreendido como um dispositivo que está relacionado aos processos de construção de idéias, valores, comportamentos, saberes e com um enredo social carregado de significados e intencionalidades. A pesquisa também registra as angústias e dúvidas das professoras da pré-escola frente a questões de gênero na infância, apontando para a dificuldade da diferenciação entre a identidade de gênero e a identidade sexual e discutindo a ausência do tema em cursos de formação. A bibliografia italiana traduzida para o português destacou-se como referência para a concepção de educação infantil. A leitura sobre gênero ajudou a treinar meu olhar para duvidar e estranhar as naturalidades das pistas: Revista dos Estudos Feministas (UFSC), Cadernos Pagu (Núcleo de gênero da UNICAMP), Cadernos de Pesquisa (FCC), as pesquisas do GEERGE (Grupo de Estudos de Educação e Relações de Gênero da UFRS e do NEMGE (Núcleo de Estudos da Mulher e das relações sociais de gênero) da USP). Outras fontes não convencionais, como a literatura infantil e a produção cinematográfica, serviram para a compreensão da temática, permitindo percepções diferenciadas. O estudo conclui que ê necessário questionar o papel social das Instituições de Educação Infantil - creches e pré-escolas -, considerando a sua potencialidade em relação a diversidade e à capacidade de criação e recriação apresentadas pelos meninos e meninas, repensando seu papel frente à diferença existente entre eles. A análise traz questões para repensar a maneira como as (os) diferentes profissionais da pré-escola trabalham as relações de gênero na pequena infância. Uma temática que, sem dúvida, necessita ser mais discutida e aprofundada

ASSUNTO(S)

relações de genero educação infantil pre-escola brincadeiras

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