Estresse em mulheres com diabetes mellitus tipo 2

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

O Diabetes mellitus Tipo 2 (DM2), caracterizado pela resistência a insulina, possui evolução lenta, sendo que muitas mulheres vivenciam o processo de envelhecer concomitante a descoberta desta doença crônica, implicando na mudança de hábitos de vida, saúde e manejo de situações geradoras de estresse e sofrimento. Objetivos: Identificar a relação entre o estresse e o DM2 em mulheres e conhecer o perfil das mulheres com DM2 residentes em Florianópolis/SC com ênfase em fatores sócio-demográficos, biométricos e de saúde. Método: Estudo transversal prospectivo, desenvolvido na cidade de Florianópolis/SC, em quatro Centros de Saúde, com amostra estratificada aleatória simples (IC 95%), no qual participaram 147 mulheres com DM2. Para a coleta de dados buscamos informações sócio-demográficas, biométricas, de hábitos de vida e saúde, e utilizamos a escala de estresse percebido desenvolvida por Cohen, Kamark e Mermelstein (1983), traduzida e validada por Luft et al (2007). Utilizado o sistema computacional on-line SEstatNet, realizamos análise estatística descritiva, de freqüências, teste Qui-quadrado de adesão e multivariado, de Student e Correlação de Spearmann. Resultados: As participantes tinham em média 66 anos (DP 10.82), sendo na maioria brancas (82.32%), católicas (75.51%), aposentadas (61.22%) e com baixa escolaridade (58.50%). Apresentaram média de glicemia capilar (186,87 mg/dL, DP= 77,67), índice de massa corporal (29,13Kg/m2, DP=5,62) e circunferência abdominal (100,60cm, DP= 13,02) acima dos parâmetros recomendados. Realizado Teste de Correlação de Spearmann (rs) entre as variáveis IMC e tempo de DM2 foi identificada correlação moderada (rs= 0.0455, p-valor=0.2918) e entre o IMC e os valores de circunferência abdominal verificamos forte associação (rs= 0.8355, p-valor <0.000001). A análise de correspondência múltipla, com valor de inércia cumulativa em terceira dimensão equivalente a 83.59%, permitiu inferir que a baixa escolaridade associa-se ao controle inadequado da glicemia, não realização de atividade física e inadequação da realização de dieta. Quanto às questões psicossociais, a maioria relatou sofrimento decorrente de relações interpessoais, óbito, doença na família e solidão, ocorrendo associação entre sofrimento e estresse percebido (t Student = -4.103040 p-valor = 0.0000340). A análise de correspondência múltipla apresentou 65.87% de inércia cumulativa em três dimensões, possibilitando inferir que mulheres com DM2 que possuem estresse elevado vivenciaram situações de sofrimento e apresentam valores de glicemia capilar superiores a 180 mg/dL. Conclusões: Torna-se necessária a inclusão de estratégias de educação em saúde congruentes com a capacidade de compreensão individual, promovendo a prática de dieta, exercícios físicos e monitoração da glicemia capilar. Concluímos também que mulheres com DM2 que convivem com condições de estresse e sofrimento constituem grupo vulnerável ao desenvolvimento de agravos à saúde devido à baixa adesão à terapêutica não-farmacológica. Conviver com DM2 demanda adaptações terapêuticas que nem sempre são realizadas, revelando a necessidade de estratégias de atenção à saúde individualizada, integral e congruente com aspectos sociais e emocionais da mulher com DM2.

ASSUNTO(S)

diabetes diabetes mellitus enfermagem enfermagem stress (psicologia) mulheres

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