Efeitos da suplementação com castanha-do-brasil (Bertholletia excelsa H.B.K.) sobre o estresse oxidativo em mulheres obesas e sua relação com o polimorfismo Pro198Leu no gene da glutationa peroxidase 1 / Effects of the supplementation with Brazil nut (Bertholletia excelsa H.B.K.) on the oxidative stress in obese women and its relation with the Pro198Leu polimorphism in the glutathione peroxidase 1 gene

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

Indivíduos obesos apresentam níveis elevados de estresse oxidativo quando comparados com controles de peso eutrófico. Isto pode ser atribuído a uma série de fatores, com destaque para a ingestão reduzida de substâncias antioxidantes. Outro aspecto a ser considerado é a presença de polimorfismos em genes que codificam para enzimas antioxidantes, como é o caso do Pro198Leu no gene da enzima glutationa peroxidase 1 (GPx 1). Portanto, este trabalho teve como objetivos estudar as relações entre obesidade, marcadores de estresse oxidativo e o polimorfismo Pro198Leu no gene da GPx1, além de verificar as respostas destes parâmetros à ingestão de castanhas-do-brasil como fonte de selênio (Se). Participaram do estudo 37 mulheres em idade reprodutiva, que não apresentavam diabetes mellitus, doenças da tireóide; não ingeriam suplementos de minerais e vitaminas, medicamentos para redução de peso ou hipolipemiantes, e não eram tabagistas. Foram utilizados os seguintes marcadores bioquímicos: concentrações de Se plasmático, eritrocitário e nas unhas; atividade eritrocitária total da GPx; concentrações urinárias de 8-isoprostanos; concentrações plasmática de TBARS; avaliação de danos em DNA; perfil lipídico sérico; além da determinação dos genótipos relativos àquele polimorfismo. Cada unidade de castanha forneceu, em média, 290 µg do mineral. Na fase pré-suplementação, 100% das pacientes estavam deficientes em Se. As concentrações eritrocitárias (60,5±22,6 x 205,9±42,0 µg/L; p=0.000) e plasmáticas (55,7±13,3 x 132,5±34,9 µg/L; p=0.000) deste mineral aumentaram significativamente na fase pós-suplementação. O mesmo perfil foi observado para a atividade eritrocitária total de GPx (36,6±17,1 x 53,6±20,4 U/gHb; p=0.000) e para as concentrações plasmáticas de TBARS (5,0±3,7 x 7,6±3,3 µmol/L; p=0.000). As concentrações urinárias de 8-isoprostanos não apresentaram alterações significativas após a ingestão das castanhas (25,1±14,2 x 21,8±15,6 ng/mmol creat.). E o mesmo ocorreu com os níveis de danos em DNA (77,3±21,6 x 72,2±28,1 µm). Com relação ao perfil lipídico sérico, não foram observadas mudanças significativas nas concentrações de colesterol total (171,0±28,8 x 175,5±26,6 mg/dL), LDL-c (114,0±29,6 x 109,3±22,8 mg/dL), VLDL-c (19,6±9,4 x 21,7±8,3 mg/dL) e triacilgliceróis (110,3±87,9 x 108,6±41,5 mg/dL). Entretanto, as concentrações de HDL-c apresentaram elevação significativa após o consumo das castanhas (37,6±13,6 x 44,5±13,4 mg/dL; p<0.00001). Este aumento também promoveu uma redução significativa nos valores dos índices de Castelli I (5,0±1,8 x 4,2±1,1; p<0.0002) e II (3,4±1,7 x 2,7±1,0; p<0.0004), preditores do risco cardiovascular. A frequência dos genótipos foi de 48,7% para Pro/Pro, 37,8% para Pro/Leu e 13,5% para Leu/Leu. Não foram verificadas diferenças estatisticamente significativas nos níveis de Se e na atividade da GPx entre os genótipos, nas duas fases. Entretanto, houve correlação positiva entre as concentrações eritrocitárias de Se e a atividade da GPx em ambas as fases apenas para o grupo Pro/Pro. Os resultados obtidos no ensaio do cometa foram significativamente diferentes entre os genótipos e revelaram que participantes Pro/Pro apresentaram redução na quantidade de danos em DNA após a ingestão das castanhas, o que não ocorreu naquelas Pro/Leu e Leu/Leu agrupadas. Além disso, aquelas Leu/Leu apresentaram valores de danos significativamente maiores em relação às Pro/Pro. As alterações observadas nos níveis de TBARS e lipídeos séricos não foram relacionadas aos genótipos. Também não foram verificadas alterações nas concentrações urinárias de 8-isoprostanos entre os diferentes genótipos. Estes dados sugerem um efeito benéfico do consumo de castanha-do-brasil como fonte de Se e também de ácidos graxos mono e poliinsaturados. Demonstrou-se também a influência do polimorfismo Pro198Leu no gene que codifica para a GPx1 sobre as concentrações sanguíneas de Se e a atividade eritrocitária total da GPx. Pode-se concluir que há uma interação entre este polimorfismo e o status de Se, bem como dos níveis antioxidantes.

ASSUNTO(S)

antioxidantes antioxidants brazil nut castanha-do-brasil estresse oxidativo glutathione peroxidase glutationa peroxidase nutrigenetic nutrigenética obesidade obesity oxidative stress polimorfismo polymorphism selênio selenium

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