Configurações da imagem de si na mobilização para a aprendizagem matemática
AUTOR(ES)
Silvana Martins Melo
DATA DE PUBLICAÇÃO
2009
RESUMO
Esta pesquisa se constrói a partir de um pressuposto teórico de que cognição e afeto são (re) construídos ao longo da vida do indivíduo, num contexto sócio-cultural onde se incluem experiências na escola e fora da escola. O estudo se insere na área de pesquisa sobre Afetividade na Educação Matemática. A questão de pesquisa foi suscitada principalmente por resultados de estudos anteriores (Melo, 2003) e propõe investigar como se dá a relação entre a imagem dos alunos sobre si mesmos (descritas através de sentimentos e crenças dos alunos diante da matemática escolar) e a mobilização para a aprendizagem. Orientando-nos por McLeod (1989), elegemos os conceitos de sentimentos (Damásio, 2004), crenças (Gomez-Chacon, 2002) e atitudes (Brito, 1996) como constitutivos do fenômeno que iremos investigar. Retomamos o conceito de mobilização descrito por Charlot (2000), e o investigamos por meio das atitudes dos alunos diante das práticas das salas de aula de matemática observadas, descritas pelas normas sociais e normas sociomatemáticas (Yackel, 2001) ali produzidas. A pesquisa é qualitativa, buscando uma abordagem que supere a tradição em psicologia relativa à análise da cognição e afetividade, que explica de modo dicotômico os comportamentos humanos (Araújo et al. 2003). Para lançamos diferentes olhares sobre o objeto em estudo, utilizamos ferramentas estatísticas e triangulamos dados registrados em notas de campo produzidas durante um ano letivo de observações em sala de aula, questionários, roteiros de filmes sobre a matemática, entrevistas semi-estruturadas e testes. O contexto foi constituído em salas de aula de matemática de uma escola pública de Ensino Médio. Participantes totalizaram 78 alunos, sob responsabilidade de um mesmo professor. Os resultados da pesquisa indicam que o ato emocional (Cobb, Yackel and Wood,1989) por meio do qual podem ser explicados os diferentes níveis de mobilização para a aprendizagem matemática, não pode ser desvinculado da imagem construída sobre si mesmo diante da matemática. Ressaltam ainda o importante papel do contexto na configuração da imagem de si diante da matemática. Evidenciam um mesmo professor relacionando-se de modo diferente em cada uma das salas de aula observadas, a partir da negociação de normas sociais e sociomatemáticas em sua interação com os alunos. Por fim, revelam dois processos de exclusão: um de ordem institucional; e outro, restrito ao espaço da sala de aula, referente às interações sociais entre o professor e seus alunos, as quais reforçavam, não intencionalmente, a participação explícita de alguns, marginalizando outros.
ASSUNTO(S)
educação teses educação matemática cognição afetividade
ACESSO AO ARTIGO
http://hdl.handle.net/1843/FAEC-84RMU8Documentos Relacionados
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