Avaliação biológica de frutas do Cerrado brasileiro : Guapeva, Gabiroba e Murici / Biological evaluation of fruits from the Brazilian Cerrado : Guapeva, Gabiroba and Murici

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

15/07/2011

RESUMO

A ingestão de muitas frutas convencionais, exóticas e nativas está associada com a redução do risco de doenças crônicas não transmissíveis e até mesmo o câncer. Neste contexto, o presente trabalho tem como proposta estudar atividades biológicas bem como identificar e quantificar os compostos fenólicos das frutas do Cerrado brasileiro, Guapeva (Pouteria cf. guardneriana Radlk.), Murici (Byrsonima verbascifolia Rich.) e Gabiroba (Compomanesia cambessedeana O. Berg.). Além dos compostos fenólicos, foram investigadas as atividades antioxidante, antiinflamatória, antimutagência, antigenotóxica, antiproliferativa e citotóxica. Os compostos fenólicos foram extraídos com etanol 95% e com água. Os fenólicos lipofílicos foram extraídos, a partir da fruta, com hexano. A quantificação dos compostos fenólicos foi realizada e os extratos etanólicos apresentaram melhores resultados quando comparados com os aquosos. O extrato etanólico da Gabiroba concentração de fenólicos de 4610,46 mg Ácido Gálico/100g fruta fresca, sendo superior a todos os outros extratos. Também foi realizada a quantificação dos flavonóides totais, mas apenas para os extratos etanólicos, e a semente da Guapeva apresentou o resultado mais relevante, no valor de 2915,62 mg Catequina/100g fruta fresca. Os extratos do Cerrados foram avaliados quanto a capacidade antioxidante in vitro através dos métodos 2,2- Diphenyl ¿ 1- picrylhydrazil (DPPH), Trolox Equivalent Antioxidant Capacity (TEAC), Oxygen Radical Absorbance Capacity (ORAC) e Peroxyl Radical cavenging Capacity (PSC). Os resultados do teste DPPH foram expostos de duas formas diferentes, como equivalentes de Trolox onde o extrato etanólico da casca da Guapeva destacou-se por apresentar maior potencial antioxidante nos 3 tempos analisados (30, 60 e 90 minutos) e também como IC50, onde o extrato etanólico da Gabiroba apresentou melhor resultado no valor de 11,10 µg/mL de fruta fresca. Para o teste TEAC os extratos etanólicos da casca da Guapeva e a Gabiroba apresentaram maior potencial antioxidante, com resultados de 1543,53 e 1014,25 µM Trolox Equivalentes/100g fruta fresca, respectivamente. Já para os ensaios ORAC e PSC o extrato etanólico da Gabiroba apresentou maior atividade, com resultados de 43780,00 µM TE/100g de fruta e 2342,52 µM Vitamina C/100 g fruta fresca, respectivamente. A identificação e quantificação dos compostos fenólicos presentes nos extratos foram realizadas por Cromatografia líquida de alta eficiência. Foram identificados Ácido ferrúlico, Resveratrol, Etil galato, Catequina, Propil galato e Epicatequina. Ratos foram tratados com os extratos de frutas e o plasma foi coletado 30, 60 e 90 minutos após a gavagem para análise pelos métodos ORAC, TEAC e fenóis totais. O extrato de casca da Guapeva apresentou maior concentração de fenóis totais após trinta minutos da ingestão e o Murici após 1 hora. Através da análise TEAC, todos os extratos apresentaram maior atividade antioxidante no tempo de 30 minutos quando comparado com os demais tempos. No ensaio ORAC todos os extratos apresentaram maior potencial nos períodos de 30 e 60 minutos. A identificação dos compostos fenólicos no plasma foi determinada por Espectrometria de Massas, sendo que apenas a Catequina foi identificada no grupo que foi tratado com Gabiroba. O potencial antimutagênico/mutagênico foi determinado pelo teste in vivo de Micronúcleos. Todos os extratos mostraram-se antimutagênicos e não mutagênicos. O extrato com maior efeito protetor contra a droga Ciclofosfamida foi o Murici 400 mg extrato/kg P.C. com efeito redutor de 97,71%. A avaliação do efeito antiinflamatório foi realizada pelo teste de Edema de pata, induzido por Carragenina e todos os extratos apresentaram ação antiinflamatória. Também verificou-se que a partir da segunda hora após a injeção da Carragenina, o efeito antiinflamatório apresentado por todos extratos, aumentou. O efeito antigenotóxico foi avaliado pelo ensaio Cometa in vivo. Todos os extratos avaliados não danificaram o DNA e os que apresentaram maior proteção contra dano/lesão no DNA foram a polpa, casca e semente da Guapeva na concentração de 200 mg extrato/kg P.C. e o Murici na concentração de 400 mg extrato/kg P.C. Oito linhagens tumorais humanas foram utilizadas na determinação do potencial antiproliferativo, apenas a Guapeva casca, polpa e o Murici apresentaram início de efeito citostático. A atividade citotóxica e antiproliferativa foi avaliada em hepatocarcinoma humano (HepG2), a semente da fruta Guapeva apresentou citotoxicidade, e a casca e polpa da fruta Guapeva, assim como a Gabiroba se destacaram no potencial antiproliferativo com valores de 11,75; 12,57 e 8,35 mg/mL. O potencial antioxidante celular foi avaliado e a casca da fruta Guapeva apresentou maior atividade, no valor de 99,91 µmol Quercetina/100g fruta de fresca. De acordo com nosso conhecimento, este foi o estudo mais aprofundado sobre as propriedades biológicas das frutas do Cerrado, e que possivelmente possibilitará a utilização destes como alimento funcional

ASSUNTO(S)

frutas cerrados antioxidantes alimentos funcionais atividade biologica fruits cerrados antioxidants functional foods biological activity

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