AquisiÃÃo da Linguagem e contexto escolar: levantamento de questÃes sobre a interpretaÃÃo do professor

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2004

RESUMO

O presente trabalho se propÃs a levantar questÃes sobre a relaÃÃo da crianÃa - no decorrer do seu percurso de infans a sujeito falante - com um intÃrprete especÃfico, o professor. Foi tomado como fundamento, sobretudo, o marco teÃrico da proposta estrutural sÃciointeracionista de De Lemos, segundo a qual, nos momentos iniciais da aquisiÃÃo da linguagem, predomina um movimento de espelhamento recÃproco entre a fala fragmentada da crianÃa e os enunciados do outro (a mÃe) nos quais essa fala ganha sentido e delimitaÃÃo. Assumiu-se, entÃo, que um melhor entendimento sobre a questÃo do papel do professor, em sua relaÃÃo com as produÃÃes verbais infantis, poderia fornecer alguns elementos para a questÃo geral do papel do outro/intÃrprete que espelha a fala da crianÃa, na trajetÃria lingÃÃstica do sujeito. Nessa perspectiva, pretendeu-se tambÃm abordar situaÃÃes de atividade conjunta na ausÃncia do professor, ou seja, aqueles momentos, em que as crianÃas verbalizam enquanto brincam, lancham, vÃem revistas, na escola, sem a presenÃa de um interlocutor adulto. Tal abordagem teve, como Ãnico objetivo, fazer com que questÃes levantadas nessa situaÃÃo, retornassem para a interlocuÃÃo aluno-professor, a fim de que pudessem ser formuladas, com maior visibilidade, interrogaÃÃes, de um modo geral, sobre o papel do interlocutor da crianÃa, durante o percurso lingÃÃstico e, mais especificamente, quando esse interlocutor fosse constituÃdo pelo professor. Para tanto, foi realizado um estudo longitudinal, com duraÃÃo de um ano. Foram utilizados registros de gravaÃÃes quinzenais em Ãudio, numa escola, com um grupo de quatro crianÃas e uma professora, em duas situaÃÃes: na primeira situaÃÃo (A) as crianÃas estavam com a professora e na segunda situaÃÃo (B), as mesmas crianÃas da situaÃÃo anterior estavam em grupo sem a presenÃa da professora. Levando-se em consideraÃÃo a anÃlise e discussÃo das duas situaÃÃes gravadas, indicou-se que a interpretaÃÃo da professora seria restritiva, por tender a amarrar os enunciados das crianÃas aos âconteÃdosâ do contexto discursivo constituÃdo em torno de atividades desenvolvidas na escola. Vale notar que a referida caracterÃstica de restriÃÃo ficou mais visÃvel quando discutida em funÃÃo da ausÃncia do intÃrprete, em episÃdios que exemplificam a situaÃÃo B. Por sua vez, a anÃlise desta segunda situaÃÃo nÃo somente levantou questÃes no que diz respeito ao papel da interpretaÃÃo do professor, como um outro especÃfico, durante o percurso lingÃÃstico do sujeito, mas tambÃm colocou em discussÃo o prÃprio conceito de interpretaÃÃo/espelhamento. Indagou-se, entÃo, sobre o estatuto do outro/intÃrprete, sugerindo uma ampliaÃÃo desse conceito no sentido de abarcar situaÃÃes diversas e singulares de espelhamento, durante a trajetÃria de aquisiÃÃo da linguagem.

ASSUNTO(S)

mirroring estruturalismo espelhamento psicologia cognitiva structuralism acquisition of the language aquisiÃÃo da linguagem

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