Alterações imunológicas em pacientes esquizofrênicos e esquizoafetivos e familiares biológicos

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2004

RESUMO

Objetivos: Com o objetivo de determinar as características clínicas e imunológicas associadas à esquizofrenia e ao transtorno esquizoafetivo, o presente trabalho avaliou dados clínicos e mensurou os níveis séricos de interleucina-6 (IL-6), receptor solúvel de interleucina-2 (sIL-2R), interleucina-2 (IL-2), alfa (a) 1,2 beta e gama globulina, imunoglobulinas (Ig), anticorpos anti-hipocampo, e do sangue total foram genotipadas moléculas de HLA classe I e II, a detecção do vírus da Borna e contagem de células matadoras naturais (NK), em pacientes esquizofrênicos, esquizoafetivos, familiares biológicos e controles saudáveis. Métodos: Os critérios de exclusão foram indivíduos menores de 18 anos e maiores de 55 anos, portadores de doenças crônicas ou submetidos a tratamento que afetasse o sistema imunológico. Foram selecionados 50 pacientes esquizofrênicos e esquizoafetivos, 48 controles saudáveis, 41 familiares em primeiro grau sem transtorno mental e 48 familiares em primeiro grau com transtorno de humor. Todos os sujeitos foram submetidos à entrevista clínica estruturada para o DSM-IV, transtornos do Eixo I (SCID-I versão clínica). Os métodos utilizados para medidas imunológicas foram: ELISA e/ou quimioluminescência (interleucinas, IgE e anticorpos anti-hipocampo), eletroforese (a1, a2, gama, beta globulina e albumina), nefelometria (IgA, IgG e IgM), citometria de fluxo (NK), SSP-PCR (HLA) e RT-PCR (Doença do vírus da Borna ?VDB). Resultados: A duração média da doença nos pacientes esquizofrênicos e esquizoafetivos foi de 15,341 ± 9,90 anos e a idade média de início da doença foi de 22,4 ± 7,371 anos. Não houve diferença significativa no gênero (p = 0,057), idade (p = 0,96), albumina (p = 0,64) e índice de massa corpórea (Kg/m2) (p = 0,07) entre pacientes, controles e familiares. Pacientes e familiares com e sem transtorno de humor tiveram significativamente maiores níveis séricos de IL-6 pelo método de quimioluminescência (p = 0,008) e ELISA (p = 0,003). A dosagem de a2 globulina foi significativamente maior entre pacientes do que entre controles (p = 0,002). Não houve diferença significativa em relação a sIL-2R (p = 0,1), IL-2 (p = 0,8), NK (p = 0,07), IgE (p = 0,06), IgG (p = 0,64) e IgM (p = 0,51) entre pacientes, familiares e controles. Pacientes, familiares com transtorno de humor e familiares sem transtorno mental tiveram maiores valores de auto-anticorpos dirigidos contra o hipocampo, 0,167 ± 0,077, 0,158 ± 0,058, 0,164 ± 0.092, respectivamente, do que os controles, 0,143 ± 0,037, mas não significativos (p = 0,53). A associação positiva com HLA B*15 foi encontrada significativamente maior nos pacientes, familiares com transtorno de humor e familiares sem transtorno mental (p = 0,003) do que em controles saudáveis. A associação negativa com HLA B*35 foi encontrada significativamente maior nos familiares sem transtorno mental (p = 0,03) do que nos controles saudáveis. A VDB teve significativamente maior presença nos pacientes e familiares biológicos do que nos controles (p = 0,04). Conclusão: Os resultados sugerem a existência de envolvimento imunológico ou inflamatório e mecanismos imunogenéticos em pacientes esquizofrênicos, esquizoafetivos e em familiares biológicos.

ASSUNTO(S)

genética médica psiquiatria schizophrenia immunology clinical genetics psychiatry esquizofrenia imunologia

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