Acolhimento e tratamento de portadores de esquizofrenia na Atenção Básica: a visão dos gestores, terapeutas, familiares e pacientes / Acceptance and treatment of schizophrenics under Primary Health Care as seen by managers, therapists, relatives and patients

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

O estudo investigou as possibilidades e impasses do acolhimento e do tratamento de pacientes esquizofrênicos na Atenção Básica. Como pressupostos, admitiu-se que a Atenção Básica emerge como locus importante para as práticas de Saúde Mental e que seus técnicos vêm incorporando novas práticas aos seus currículos. Uma revisão da literatura abrangeu os principais marcos teóricos e conceituais das políticas de saúde, da Reforma Psiquiátrica e dos modelos em atenção à Saúde Mental, bem como considerações acerca da esquizofrenia e do estigma nos transtornos mentais. O estudo adotou um desenho de metodologia quali-quantitativa e trabalhou com um universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes dos sujeitos envolvidos. A amostra foi composta por gestores, terapeutas, familiares e pacientes, atores sociais identificados na Atenção Básica com significativa vinculação com o problema trabalhado. Foram realizadas 38 entrevistas com gestores e terapeutas, aplicando-se às falas a metodologia do Discurso do Sujeito Coletivo. Dados fornecidos por familiares e pacientes, coletados em três entrevistas em profundidade realizadas em seus domicílios, permitiram a compreensão, entre outros aspectos, dos vínculos parentais, aspectos sociofamiliares, educacionais, história e tratamentos da doença pregressa e atual. As informações foram analisadas, dispostas numa narrativa cronológica e receberam tratamento de relatos de casos. Resultados: dentre os discursos de maior densidade observa-se que a maneira pela qual o paciente seria tratado - compreendendo acolhimento de qualidade, humanização da atenção, promoção da reinserção, atenção integral incluindo medicamentos e atitudes sem preconceito, interessava mais que o lugar onde a atenção ao doente mental grave fosse dispensada. De maneira reiterada, não se considera que os terapeutas da 7 Atenção Básica estejam capacitados para acolher e tratar de portadores de esquizofrenia, talvez casos leves ou compensados. Dentre as razões levantadas estão a falta de capacitação, supervisão, estrutura física, medicamentos, de pessoal, retaguarda, escuta de qualidade, além da sobrecarga de trabalho e ausência de um sistema de referência operante. São realçadas potenciais contribuições para a melhoria da qualidade e resolubilidade dos tratamentos e identificam-se mecanismos para modificações de posturas estigmatizantes no trato com os doentes e a doença. Os relatos de caso mapearam o itinerário de pacientes e familiares na demanda por cuidados de saúde mental, mostrando encontros e desencontros. Os resultados da pesquisa permitem sugerir a necessidade de maior preparo dos profissionais para dar conta do desafio de tratar portador de esquizofrenia na Atenção Básica, com ênfase na realização de trabalho conjunto que envolva gestores, terapeutas, familiares e pacientes

ASSUNTO(S)

atenção básica em saúde collective discourse discurso do sujeito coletivo esquizofrenia estigma mental health primary health care saúde mental schizophrenia stigma

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