A ocorrência e as funções discursivas das construções condicionais na modalidade oral

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

As orações subordinadas adverbiais têm sido estudadas em sua função sintática, isto é, na sua estrutura (o o que é uma oração subordinada). Nesse enfoque, há uma oração principal e uma outra, que se subordina àquela, em geral através de conjunções subordinativas. Porém as suas funções discursivas, (i.é, o para que servem essas orações) não têm sido objeto de muita pesquisa. Nesse contexto, esta pesquisa enfoca a oração subordinada adverbial condicional, ou em termos mais amplos, a condição em orações não necessariamente iniciadas por conjunção subordinativa condicional - que chamaremos de construção condicional (doravante, CC) e as funções discursivas por ela exercidas em interlocuções ocorridas em entrevistas documentadas pelo Projeto de Estudo da Norma Linguística Urbana Culta do Brasil (NURC), de Castilho e Preti (1986). As CCs são tradicionalmente consideradas como constituídas por duas partes: a chamada oração subordinada adverbial condicional e a oração principal (BECHARA,1969). Por outro lado, Moura Neves (1999), estudando as CCs1 do ponto de vista lógico-semântico, diz que, dentro de uma CC a proposição subordinada é tradicionalmente chamada prótase e a principal é chamada apódose. De acordo Ikeda (2002), que cita van der Auwera (1997), as CCs vêm sendo pesquisadas na linguística ocidental há mais de meio século, tendo sido seu estudo iniciado por Bolinger (1952). Segundo Bloor (1998), as CCs têm atraído ampla discussão em vários campos de estudos. Assim tem sido na filosofia (JACKSON, 1991); na linguística (análise do discurso) (HORSELLA; SINDERMANN, 1992); em direito (CRYSTAL; DAVY, 1969); na economia (MEAD; HEDERSON, 1983; PINDI,1987). O estudo das CCs é importante por envolver questões relacionadas à persuasão - hoje considerada uma das funções mais importantes da língua - em especial a que se faz implicitamente. As CCs servem a funções discursivas como as de: (i) restrição do desenvolvimento da mensagem na oração (HAIMAN, 1978), através da função de topicalização; (ii) criação de mundos possíveis (FAUCONNIER, 1985; 1997 apud DANCYGIER; SWEETSER, 2000); (iii) amenização da ameaça à face (BLOOR, 1998); (iv) modalização epistêmica ou deôntica (AUER, 2000), (v) avaliação em CCs pospostas (AUER, 2000) e (vi) resumo/repetição (AUER, 2000). A literatura mais recente cita diferentes tipos de CCs, distribuídas entre CCs normais e pragmáticas (MAZZOLENI, 1994), estas últimas subdivididas em quatro tipos: temática, sentença do holandês, imperativa, do ato de fala aos quais Dancygier e Sweetser (1996, 2000) acrescentam mais um: metalinguística. A presente pesquisa visa a examinar as interlocuções na modalidade oral a fim de verificar os tipos de CCs, sua expressão (se explícita ou implícita; se prepostas ou pospostas à oração principal) e as funções discursivas que as CCs exercem nesse contexto. Para tanto, deve responder às seguintes perguntas de pesquisa: (a) Que tipos de CCs ocorrem nas interlocuções orais? (b) Como é realizada a condição nessas interlocuções? (c) Que funções discursivas são realizadas pela condição? Para a análise das CCs na entrevista, recorremos às classificações tipológicas de Thompson e Longacre (1985) e de Mazzoleni (1994); quanto às funções discursivas, apoiamo-nos em Haiman (1978), Fauconnier (1985; 1997 apud DANCYGIER; SWEETSER, 2000) e Auer (2000), dentre outros

ASSUNTO(S)

gramática oral construções condicionais tipos e funções discursivas linguistica aplicada grammar conditional constructions discourse types and functions

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