Homem nÃo chora: um estudo sobre viuvez masculina em camadas mÃdias urbanas

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Viuvez. Palavra que traz embutida uma ausÃncia. FenÃmeno que chega na vida de alguÃm sem fazer parte, previamente, do seu projeto de vida, e que por isso tende a trazer modificaÃÃes inesperadas e provavelmente jamais imaginadas. Dentre todos os eventos que ocorrem com as pessoas durante seu ciclo de vida, aquele relacionado com a morte de alguÃm muito prÃximo afetivamente à talvez o mais traumÃtico, deixando as marcas mais profundas. Em grande parte das investigaÃÃes onde a viuvez à assinalada, isto à feito de forma incidental, dentro de trabalhos cujo foco central à a velhice e as mulheres, alÃm de serem oriundas predominantemente da Ãrea biomÃdica e/ou saÃde mental. No Brasil, a pesquisa em viuvez tem contemplado majoritariamente o gÃnero feminino, havendo nÃcleos de estudos em algumas universidades brasileiras, cujas linhas de pesquisa se referem a idosas. Estudos e publicaÃÃes sobre viuvez, como problema enfrentado tambÃm por homens, sÃo bastante escassos em todos os campos do conhecimento cientÃfico. à aqui que se insere esta tese: um estudo sobre viuvez masculina em camadas mÃdias urbanas. Para tentar dar conta da proposta, centro a investigaÃÃo nos procedimentos de reorganizaÃÃo de vida de homens residentes na grande Recife, no Nordeste do Brasil, apÃs a morte da esposa/companheira. Os objetivos da pesquisa buscavam descobrir as reaÃÃes imediatas, mediatas e tardias desses homens, as eventuais mudanÃas nos modos de vida e relaÃÃes sociais, os meios de suporte econÃmico, de serviÃos, pessoal-social e pessoal-emocional utilizados, a existÃncia (ou nÃo) de prescriÃÃes sociais ligadas à viuvez masculina e as representaÃÃes que regem esse universo, em nosso meio. O instrumento utilizado para a coleta de dados foi a entrevista narrativa, aplicada em encontro que se realizou, em geral, na residÃncia ou no local de trabalho do enviuvado. O nÃmero total de 20 homens compÃs a amostra da pesquisa, com idades variando de 36 a 82 anos, e com tempo de viuvez de seis meses a 34 anos. A vivÃncia da doenÃa e/ou morte da esposa foi quase sempre acompanhada integralmente pelo marido. Alguns dos enviuvados recasaram; outros optaram por nÃo fazÃ-lo; alguns tinham passado por transformaÃÃes pessoais; a maioria assumiu a administraÃÃo total da casa. A criaÃÃo dos filhos, o trabalho e a religiosidade sÃo os recursos de maior impacto para uma adequada adaptaÃÃo à nova situaÃÃo. Os principais suportes utilizados vÃm das redes sociais, sendo que empregada domÃstica e amigo Ãntimo ocupam uma posiÃÃo importante entre os apoios recebidos. Todas as histÃrias narradas mostram um teor de emoÃÃo que geralmente os estereÃtipos culturais e o senso comum negam aos homens. Faz-se a constataÃÃo que homens choram, sim: nas entrevistas, a maioria fica com a voz embargada, outros choram livremente, a ponto de nÃo conseguir falar. As emoÃÃes, do vivido ontem e da saudade hoje, estÃo bem presentes. Enfim, esta tese fala de dor, sofrimento e morte, mas tambÃm de vida, felicidade e amor. Mas, fundamentalmente, busca contribuir, a partir de experiÃncia local, para a ampliaÃÃo e legitimaÃÃo do campo da Antropologia das EmoÃÃes, no paÃs

ASSUNTO(S)

relacionamento social idowerhood antropologia anthropology of emotions death antropologia widowhood viÃvos morte â aspectos psicolÃgicos emoÃÃes support and resources in widowerhood

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