Variabilidade anormal da frequência cardíaca e fibrilação atrial após cirurgia aórtica
AUTOR(ES)
Compostella, Leonida, Russo, Nicola, D’Onofrio, Augusto, Setzu, Tiziana, Compostella, Caterina, Bottio, Tomaso, Gerosa, Gino, Bellotto, Fabio
FONTE
Braz. J. Cardiovasc. Surg.
DATA DE PUBLICAÇÃO
2015-02
RESUMO
Introdução: Denervação completa do coração transplantado exerce efeito protetor contra a fibrilação atrial no pós-operatório; vários graus de denervação autonômica aparecem também após a transecção da aorta ascendente durante a cirurgia de aneurisma da aorta. Objetivo: Este estudo teve como objetivo avaliar se o nível de denervação cardíaca obtida por ressecção da aorta ascendente poderia exercer algum efeito sobre a incidência de fibrilação atrial no pós-operatório. Métodos: Foram analisados retrospectivamente os prontuários de 67 pacientes submetidos a enxerto de substituição de aorta torácica (grupo A) e 132 com a substituição da valva aórtica (grupo B). Foram relatados todos os episódios de fibrilação atrial pós-operatória ocorridos durante 1 mês de seguimento. Parâmetros de variabilidade da frequência cardíaca foram obtidos a partir de 24 h de gravação do Holter; dados clínicos, ecocardiográficos e de tratamento também foram avaliados. Resultados: No geral, 45% dos pacientes (grupo A 43%, grupo B 46%) apresentaram pelo menos um episódio de fibrilação atrial no pós-operatório. Idade mais avançada (mas não gênero, tolerância à glicose anormal, fração de ejeção, diâmetro do átrio esquerdo) foi correlacionada com a incidência de fibrilação atrial pós-operatória. Apenas em um subgrupo de pacientes com transecção aórtica e sinais de maior desarranjo autonômico (parâmetros de variabilidade da frequência cardíaca abaixo da mediana e a média de frequência cardíaca acima do percentil 75), indicando possivelmente denervação autonômica mais profunda, foi observada menor incidência de fibrilação atrial pós-operatória (22% vs. 54%). Conclusão: Transecção da aorta ascendente para correção de um aneurisma da aorta não confere qualquer efeito protetor significativo de fibrilação atrial no pós-operatório em comparação com pacientes com aorta ascendente intacta. Pode-se especular que uma denervação cardíaca limitada e heterogênea foi produzida pela intervenção, criando um substrato eletrofisiológico para a elevada incidência de fibrilação atrial pós-operatória observada.
ASSUNTO(S)
sistema nervoso autônomo fibrilação atrial aneurisma aórtico frequência cardíaca
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