Validação e adaptação transcultural do Perceived Efficacy and Goal Setting System PEGS para crianças brasileiras

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Existe hoje uma forte tendência para o engajamento da terapia ocupacional na prática centrada no cliente. Sabe-se que esse modelo exige a utilização de instrumentação que permita a participação da criança e da família na definição de metas para o tratamento. A literatura tem apontado evidências de que a criança jovem é capaz de se auto-avaliar e de determinar metas para o seu tratamento. O interesse em traduzir o Perceived Efficacy and Goal Setting System - PEGS se deve à ausência de instrumentos brasileiros que permitam ao terapeuta ocupacional, que atua na área infantil, se inserir no contexto da prática centrada no cliente. Objetivo: Verificar se crianças brasileiras de diferentes idades, estudantes de escolas públicas e particulares, entendem as figuras do Perceived Efficacy ang Goal Setting System PEGS, se são capazes de indicar suas habilidades e se existem vieses culturais. Procurou-se, também, examinar a estabilidade das escolhas das metas pelas crianças, a consistência interna das três escalas e se existem diferenças entre a auto-percepção da criança e a percepção de cuidadores e professores. Método: Em um primeiro momento, os questionários do PEGS foram traduzidos e adaptados, considerando questões semânticas e culturais. Oitenta crianças de seis a nove anos de idade, sendo 40 crianças estudantes de escolas públicas e 40 estudantes de escolas particulares da região metropolitana de Belo Horizonte, bem como seus cuidadores e professores, responderam aos questionários traduzidos do PEGS. Os grupos foram pareados quanto à idade, sexo e tipo de escola. Para a análise dos dados utilizou-se o coeficiente de Cronbach, para determinar a consistência interna das escalas e, como o teste de Shapiro-Wilk não confirmou a normalidade dos dados, utilizou-se o Teste de Friedman para determinar se existia diferenças entre auto-percepção da criança e a percepção dos cuidadores e professores e os testes de Mann-Whitney e de Kruskal-Wallis, para determinar a relação existente entre os escores percentuais da criança e as variáveis sexo, escola e idade. O coeficiente Kappa foi usado para examinar a concordância, verificando se criança, cuidadores e professores apresentam diferentes perspectivas acerca do desempenho em itens individuais do PEGS. A estabilidade das metas foi examinada por meio da contagem das metas coincidentes em duas aplicações do instrumento. Análise multivariada CART foi utilizada para descrever o relacionamento entre as variáveis (idade, sexo e escola) e na determinação dos escores das crianças. Resultados: As crianças, cuidadores e professores não tiveram dificuldade para entender os itens do PEGS. Não foram encontradas diferenças significativas entre auto-percepção da criança e a percepção dos cuidadores e professores, bem como nos escores percentuais da criança quanto às variáveis sexo, escola e idade. O coeficiente de Cronbach indica que as escalas do PEGS apresentam boa consistência interna. Todas as crianças sorteadas para o processo de determinação de estabilidade das metas selecionaram pelo menos uma meta coincidente. Conclusão: Os resultados sugerem que as crianças brasileiras são capazes não só de responder ao questionário do PEGS, com também de determinar metas para o seu próprio tratamento. O instrumento tem potencial para uso clínico com crianças brasileiras, sendo recomendada a continuidade do processo de validação.

ASSUNTO(S)

reabilitação teses.

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