Utilização de 3H-aminoacidos e 3H-nucleosideos para estudar perdas endogenas de nitrogenio em ratos alimentados com dietas contendo feijão (Phaseolus vulgaris, L.)

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DATA DE PUBLICAÇÃO

1992

RESUMO

A presente tese teve como objetivo verificar a influência do feijão (Phaseolus vulgaris) cozido, como fonte pro- teica, na quantidade de nitrogênio endógeno fecal de ratos Wistar, como também estabelecer a origem deste material através da marcação de proteínas e ácidos nucléicos dos ra- tos, respectivamente, com 3H-aminoácidos e 3H-nucleosideos. Realizou-se três ensaios de balanço de nitrogênio em ratos Wistar, previamente jejuados e adaptados à dieta, adrede marcados em suas proteínas mediante injeção intrape- ritonial de L-[5-3H]-arginina-monocloridrato, [2-3H]-glicina ou DL-[4,5-3H]-leucina, em dose única de 42-45 uCi por rato, e colocados em dietas de feijão cv. Carioca 80, feijão cv. Aeté 3 ou caseina, com teor proteico de 10% e aprotéica. Isto permitiu comparar as excreções endógenas de nitrogênio fecal e urinário dos ratos nas diversas dietas balanceadas utilizadas. Visando uma análise mais confiável e como um monitoramento fez-se determinação da dieta consumida, variação de peso dos animais e sua correlação com o nitrogênio retido, a digestibilidade e o valor biológico das proteínas. Observou-se que o consumo do grupo em dieta de caseina era significativamente (p <0,05) maior do que o consumo dos grupos em dieta de feijão. 0 consumo de alimento pelos grupos em dieta de feijão não chegou a ser diferente, em dois experimentos, daquele dos ratos em dieta aprotéica. As cor- relações entre variação de peso e nitrogênio retido foram expressas por regressão linear positiva (r = 0,83309, p <0,0001). 0 nitrogênio fecal total excretado pelos grupos em dieta de feijão foi significativamente (p <0,05) maior, chegando de 2,6 a 4,1 vezes maior do que o excretado pelos ratos em dieta de caseina. Para comparar a excreção endógena fecal dos ratos em dietas teste com aqueles em dieta controle de caseina e aprotéica, determinou-se a radioatividade nas fezes dos ratos. Observou-se que o grupo em dieta Carioca 80 excretou quantidade significativamente (p <0,05) maior de radioatividade do que aqueles em dietas de caseina e aprotéica. Para o grupo em dieta Aeté 3, a radioatividade das fezes foi maior em relação à aprotéica, mas nem sempre diferiu daquela dos ratos em dieta de caseina. A quantificação de nitrogênio fecal endógeno era estimada a partir da proporção do nitro- gênio endógeno total e a radioatividade das fezes, com base na dieta aprotéica. As quantidades estimadas referente às dietas de cultivares de feijão, bem como as decorrentes da dieta aprotéica, demostraram que os animais alimentados com feijão excretaram 133 a 166% mais nitrogênio endógeno. A determinação da radioatividade do intestino delgado monitorado com radioautografia evidenciou uma maior incorpo- ração de arginina do que leucina e glicina. Os coeficientes das correlações lineares positivas, obtidas entre a radioa- tividade das fezes e o nitrogênio fecal, r = 0,8694, p <0,001; r = 0,7708, p <0,001 e r = 0,7212, p <0,003, respectivamente para 3H-arginina, 3H-leucina e 3H-glicina, bem como o maior parâmetro B do modelo ajustado (y = Bo + Bx), demonstraram que, no caso de arginina, a radioatividade que chega às fezes ligada ao nitrogênio é maior. Sendo assim, considerou-se arginina como marcador proteico mais apropriado. Tendo em vista estabelecer se o aumento da excreção de nitrogênio era devida à descamação dos enterócitos, realizou-se ensaio de balanço de nitrogênio, no qual os ratos foram previamente marcados em seus ácidos nucléicos mediante a injeção intraperitonial de 50 uCi de [G-3H]-adenosina e co- locados em dietas de feijão Carioca 80, caseína ou aprotéica. O conteúdo de RNA das fezes do grupo em dieta Carioca 80 era significativamente maior (p <0,05) do que o do grupo em caseína; entretanto, o valor da radioatividade das fezes não apresentou diferença significativa com o grupo em caseína. A radioatividade mostrou-se significativamente mais incorporada no intestino delgado dos ratos em dieta do feijão, após 96 horas. Por outro lado, no ensaio realizado com [5-3H]-uridina, no qual os ratos mantidos durante 15 dias nas dietas de feijão Carioca 80 ou caseína, receberam injeção intraperitonial de 120 uCi de [5-3H]-uridina, foi observado que a radioatividade do intestino delgado dos ratos em dieta de feijão, nos períodos de 2,4 e 6 horas, era maior do que a obtida para os ratos em dieta de caseína. Os resultados obtidos nos experimentos com nucleosídeos, confirmaram um metabolismo maior de nucleosídeos para ratos em dieta de feijão. O maior metabolismo de nucleosídeos no intestino delgado de ratos em dieta de feijão, foi considerado como indicativo de uma maior hipertrofia e ou hiperplasia celu- lar; entretanto, os resultados obtidos não mostraram evidência de um aumento significativo na descamação da mucosa intestinal.

ASSUNTO(S)

alimentos - conteudo de proteina proteinas na nutrição animal feijão

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