Utilização da membrana amniótica na trabeculectomia para o tratamento do glaucoma primário de ângulo aberto / The use of amniotic membrane in trabeculectomy for the treatment of primary open angle glaucoma

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

INTRODUÇÃO: A trabeculectomia é a técnica de eleição para o tratamento cirúrgico do glaucoma. Entretanto, estudos recentes têm demonstrado perda da eficácia e menor redução da pressão intra-ocular dos pacientes submetidos à cirurgia ao longo dos anos. Esta diminuição decorre do contínuo processo de cicatrização e proliferação de fibroblastos na superfície epiescleral na região da bolha filtrante. Com o objetivo de diminuir esta proliferação fibroblástica e a conseqüente perda de função da trabeculectomia, introduziu-se o uso de antimetabólicos como o 5-fluorouracil e a mitomicina C. O uso dos antimetabólicos, no entanto, com freqüência é acompanhado dos indesejáveis efeitos da filtração excessiva e hipotonia. O uso da membrana amniótica em oftalmologia remonta aos anos de 1940, quando vários autores relataram seus efeitos benéficos no tratamento de doenças da superfície ocular. Além de promover a epitelização de superfícies, a membrana amniótica também é inibidora da fibrose. O efeito inibidor da fibrose pela membrana amniótica é altamente desejável na modulação da cicatrização após a trabeculectomia. O objetivo deste estudo é comparar a eficácia e a segurança do uso da membrana amniótica na trabeculectomia no tratamento cirúrgico do glaucoma primário de ângulo aberto. MATERIAL E MÉTODOS: Foi realizado um estudo prospectivo aberto, aleatório, com grupos paralelos de tratamento. Sessenta e três pacientes com indicação de cirurgia para glaucoma foram selecionados e aleatoriamente divididos em 2 RESUMO grupos. O primeiro grupo foi submetido a trabeculectomia com o uso peroperatório da membrana amniótica (grupo estudo) e o segundo grupo foi submetido a trabeculectomia sem o uso da membrana amniótica (grupo controle), na seção de glaucoma do Departamento de Oftalmologia da Santa Casa de São Paulo. Foram avaliados os efeitos redutores da pressão intraocular, número de medicações, aparência da bolha filtrante e complicações. Todos os pacientes foram acompanhados por 12 meses. RESULTADOS: A média das pressões pré-operatórias foi de 25,19 ± 7,34 mmHg no grupo da membrana amniótica e 25,42 ± 7,71 mmHg no grupo controle. A média das pressões pós-operatórias foi de 13,13 ± 2,50 mmHg no grupo da membrana amniótica e 15,47 ± 2,92 mmHg no grupo controle, diferença estatisticamente significante no seguimento de 1 ano. Não foi encontrada diferença estatisticamente significante entre os grupos controle e estudo em relação ao número de medicações pré e pós-operatória. No final de 12 meses de seguimento, no grupo de estudo, dois entre 31 olhos (6,45%) apresentaram bolha plana e vascularizada, 14 olhos (45,16%) bolha elevada e pouco vascularizada e 15 olhos (48,38 %) bolha fina e avascular. No grupo controle sete entre 32 olhos (21,87%) apresentaram bolha plana vascularizada, 22 olhos (68,75%) bolha elevada e pouco vascularizada e três olhos (9,37%) bolha fina e avascular. Foi encontrada diferença estatisticamente significante entre os grupos estudo e controle quanto a distribuição dos tipos de bolha encontradas. As complicações observadas no grupo de estudo foram um olho com câmara anterior rasa (3,22%) e dois olhos que apresentaram bolha encapsulada (6,45%). No grupo controle, dois olhos apresentaram câmara anterior rasa (6,25%), um olho descolamento de coróide (3,12%) e dois olhos RESUMO com bolha encapsulada (6,25%). CONCLUSÃO: O presente estudo demonstrou que a trabeculectomia com membrana amniótica causou maior redução da pressão intra-ocular e aparência menos vascularizada das bolhas filtrantes. Mostrou-se uma técnica segura e com baixo índice de complicações.

ASSUNTO(S)

trabeculectomy glaucoma de ângulo aberto open-angle glaucoma trabeculectomia aminion fibrosis/surgery Âmnio fibrose/cirurgia

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