Uma viagem pelo território das letras: ressonâncias do feminino na escrita numa perspectiva psicanalítica / A journey through the territory of Letters: resonances of the feminine on writing in a psychoanalytic perspective
AUTOR(ES)
Marisa Vieira Ferraz Cunha Nubile
DATA DE PUBLICAÇÃO
2011
RESUMO
Este trabalho tem como base os aportes da teoria psicanalítica, em especial daquilo que Lacan desenvolveu acerca do feminino e da escrita. Ao usar esse referencial, buscou-se fazer um rastreamento teórico dos dois conceitos, com o objetivo de articulá-los. Em Psicanálise, desde Freud, a escrita foi pensada como uma metáfora das inscrições psíquicas, portanto, do substrato do inconsciente. O feminino recebeu também um tratamento diferenciado do senso comum, pois, embora anatomia e gênero sejam aspectos que não se podem negligenciar, os últimos aportes a respeito do feminino, para a Psicanálise de orientação lacaniana, fazem referência a uma posição em que o sujeito está não-todo regulado pelo padrão fálico. Além disso, essa posição comporta um gozo que foge da possibilidade de apreensão pelo aparato simbólico humano. Ora, se o feminino aponta para um excedente, essa mesma perspectiva é encontrada na concepção de escrita e, em especial, de letra, quando Lacan começou a articulála com o gozo. A partir desse enquadre, foi proposto o argumento de que o feminino habita o lugar de gozo da escrita/letra. Como é possível observar, fez-se uma torção no uso dos dois significantes, de maneira que, ao invés de uma escrita feminina, sugeriu-se pensar no feminino na escrita. Deixando de ser adjetivo, o feminino passou a ser tratado não como a qualidade de alguns escritos, mas como substância da escrita, que seria, eventualmente, reconhecida em certos escritos literários construídos nesse território-litoral, no qual gozo e significante se margeiam. Assim, saindo da perspectiva da escrita psíquica, foram trabalhados alguns textos literários, nos quais, foi possível observar ressonâncias da posição feminina. Por fim, discutiu-se como tal posição poderia comparecer na educação de maneira geral e na escrita trabalhada na escola, de maneira específica. Observa-se que o professor tem maiores e melhores condições de criar alternativas para lidar com o "gozo excessivo" que permeia o campo educativo quando a posição feminina, na sua vertente de não-todo e de pluralidade, pode ser sustentada.
ASSUNTO(S)
educação education escrita feminine feminino literatura literature psicanálise psychoanalysis writing
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