TRAÇO, LETRA E ESCRITA NA / DA PSICANÁLISE

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

Os significantes traço, letra e escrita foram importados de seus campos semânticos para a psicanálise num movimento incialmente metafórico. É nossa proposta demonstrar que, mais do que uma metáfora, estes significantes vieram a se constituir em modelos do psíquico de tal maneira que as letras e escritas visíveis passaram a poder ser entendidas a partir da referência à escrita psíquica. Como segunda hipótese, encetamos uma operação de extração de uma teoria psicanalítica da origem da letra e da escrita, e da função da escrita para os sujeitos, que estaria implícita em Freud e Lacan. Esta denominada operação de extração, assemelhada à desconstrução derridina, revelou que o inconsciente (é) uma escrita de traços, o que só pode se escrever sob rasura uma vez que a verdade está ausente do traço. Por consequência, a escrita visível será sempre encobrimento desta ausência radical de verdade do traço. Escrever ou traçar é uma mímica da fundação do sujeito, busca de reencontrar sua metade sem par, num estreito litoral entre saber e gozo: lituraterra. Aqueles sujeitos cuja língua é trabalhada pela escrita e que se sustentam em uma dupla referência à fala e à escrita, ou aqueles outros que, por determinação estrutural, sustentam melhor o non sense da letra, contituem um interessante caso para o exame da inanalisabilidade, devido à sua afinidade com a letra como traço (num caso, o ideograma, e no outro, lituraterra) Também de forma não explicita, a psicanálise acompanhou este movimento. Houve uma psicanálise dominada por um desejo de leitura, de produção de sentido e há hoje uma psicanálise que se aventura a ficar do lado do non-sense do traço, onde o desejo do analista é um desejo de escrita.

ASSUNTO(S)

modelo rebus escrita hieroglifo ideograma metafora traco

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