Tatuagem, body piercing e a experiência da dor: emoção, ritualização e medicalização

AUTOR(ES)
FONTE

Saúde e Sociedade

DATA DE PUBLICAÇÃO

2010-06

RESUMO

Configurando uma experiência física que desafia tabus físicos e sociais, a marcação do corpo através da tatuagem e body piercing tem sido bastante explorada no espaço público mediatizado em função das questões da dor voluntária e dos riscos de saúde individual e pública implicados. Ao pânico moral que já envolvia estas práticas, associadas a comportamentos tidos como socialmente desviantes, psico-patológicos ou criminosos, junta-se-lhes outra espécie de pânico social, o «pânico higienista», associado ao receio de contrair doenças infecto-contagiosas, ou de reagir aos materiais ou tintas encarnados. No sentido de ir além destes discursos, este artigo pretende analisar: por um lado, como os consumidores actuais de tatuagem e body piercing lidam com a dor que lhe está associada, que emoções enquadram essa sensação e que estratégias convocam no seu controlo; por outro lado, como é que os produtores de tatuagem e body piercing, perante novas e mais alargadas clientelas, lidam com exigência de disciplinas sanitárias na sua prática profissional. Em termos metodológicos, a informação empírica apresentada no artigo foi obtida em situação de entrevista em profundidade, de natureza biográfica, semi-estruturada na sua preparação e semi-diretiva na sua aplicação, a portadores de corpos multitatuados e multiperfurados, profissionais ou apenas consumidores de tatuagem e body piercing. Quinze entrevistados com diferentes perfis sociais foram recrutados em estúdios de tatuagem e body piercing de Lisboa e arredores, depois de intenso trabalho etnográfico nesses mesmos espaços.

ASSUNTO(S)

tatuagem body piercing dor sofrimento ritualização medicalização

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