Tampão sangüíneo peridural em pacientes testemunhas de Jeová: relato de dois casos
AUTOR(ES)
Silva, Luciano de Andrade, Carli, Daniel de, Cangiani, Luiz Marciano, Gonçalves Filho, José Bonifácio Mendes, Silva, Iara Ferreira da
FONTE
Revista Brasileira de Anestesiologia
DATA DE PUBLICAÇÃO
2003-09
RESUMO
JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: Existem relatos do emprego do tampão sangüíneo peridural em pacientes Testemunhas de Jeová, utilizando-se um sistema fechado que permite a colheita do sangue e a injeção no espaço peridural, sem perda da continuidade. O objetivo deste relato é apresentar dois casos de pacientes Testemunhas de Jeová que apresentaram cefaléia após anestesia subaracnóidea e que foram tratados com tampão sangüíneo peridural com um sistema fechado de transfusão do sangue venoso para o espaço peridural. Os casos ocorreram em hospitais de duas cidades diferentes. RELATO DOS CASOS: Um paciente do sexo masculino, com 21 anos, e uma paciente do sexo feminino, com 32 anos, apresentaram cefaléia pós-raquianestesia para cirurgia ambulatorial. Como os pacientes eram Testemunhas de Jeová, o tampão sangüíneo foi realizado com um sistema fechado. O sistema foi preparado em condições estéreis, utilizando-se os seguintes materiais: dois equipos de soro cortados em segmentos de 60 cm, uma conexão de duas vias, uma torneira de três vias e uma seringa de 20 ml. O sistema foi montado de modo a permitir uma conexão com a agulha da venopunção (20G), uma conexão à torneira de três vias, sendo que às outras duas vias foram conectados uma seringa de 20 ml e o outro segmento do equipo de soro, que seria conectado à agulha de peridural. Com os pacientes posicionados em decúbito lateral esquerdo foi feita a anti-sepsia da região lombar e do membro superior direito na região escolhida para a venopunção. Inicialmente foi feita punção peridural no espaço L2-L3, com agulha 17G, sendo que a mesma foi mantida fixa e o equipo de soro a ela conectado. A seguir foi feita venopunção com a agulha conectada à outra extremidade do equipo de soro com o direcionamento da torneira de três vias no sentido da veia para a seringa. Foram aspirados 15 ml de sangue. Com o redirecionamento da torneira no sentido da seringa para a agulha de peridural foram injetados os 15 ml de sangue. CONCLUSÕES: Em pacientes Testemunhas de Jeová, refratários ao tratamento clínico, a injeção de sangue autólogo poderá ser feita com a técnica apresentada, após a devida informação ao paciente e o seu consentimento.
ASSUNTO(S)
complicaÇÕes terapÊutica transfusÃo
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