Testemunhas de Jeová: Uma análise simbólica do conflito motivado pela recusa em se submeter a tratamentos com transfusões sangüíneas

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2001

RESUMO

Ao aceitar a negativa às transfusões sangüíneas como o principal símbolo diferenciador oferecido pelas Testemunhas de Jeová no mercado de salvação, tomando por referencial as categorias da sociologia dos sistemas simbólicos, bem como a noção de campo simbólico, e amparado pelo histórico de tal grupo religioso, é possível perscrutar a maneira como essa abstenção de sangue gera o consenso entre os consumidores de tal bem simbólico, além de lhes forjar uma identidade própria e capacitá-los à concorrência com outras empresas de salvação. Ademais, esse mesmo referencial teórico permite vislumbrar o motivo pelo qual a empresa de salvação não consegue lograr êxito no campo jurídico, embora o consiga de certa forma no campo religioso, em se tratando das discussões judiciais que versem sobre a negativa em se submeter a tratamentos que utilizem transfusão sangüínea. Afinal, na medida em que as estruturas religiosa e jurídica remetem à estrutura social, não se pode esperar que o agente jurídico dê salvaguarda às pretensões de uma nova empresa de salvação, pois, ao legitimar um novo simbolismo, abre margem ao questionamento de toda ordem simbólica existente no qual sua própria posição encontra-se legitimada. Compreende-se, assim, que não somente a doutrina de abstenção de sangue das Testemunhas de Jeová tem uma forte lógica simbólica a lhe justificar a existência, mas também, que a própria derrota sofrida nas lides judiciais remete a uma estrutura social, cuja manutenção é uma constante por meio da prática de seus agentes. Assim, longe de ser meramente religiosa ou jurídica, a problemática é, antes de tudo, simbólica, estrutural e sociológica.

ASSUNTO(S)

ciÊncias humanas testemunha de jeovÁ teologia religiÃo

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