Retenção láctea: fator etiológico predisponente às inflamações da glândula mamária de bovinos. Características físico-químicas, celulares e microbiológicas do leite / Milk retention: etiologic factor predisposing mammary gland of bovines to inflammatory processes. Physical-chemical, cellular and microbiological characteristics of milk

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

As mamites ou mastites, processos inflamatórios da glândula mamária, foram consideradas responsáveis por grandes prejuízos na pecuária leiteira; para a instalação das mamites considerou-se ser necessária a interação de dois fatores etiológicos fundamentais. Os fatores etiológicos predisponentes a instalação de um processo inflamatório da glândula mamária podem ser divididos em: condições ligadas à fisiologia dessa glândula (descida do leite, aumento do volume de leite residual e velocidade de ordenha); condições relacionada à estrutura anatômica do úbere e favorecendo a ocorrência de traumatismos (alterações morfológicas da mama, incluindo os tetos, edema e congestão mamária) e associação a condições predisponentes ligados a enfermidades sistêmicas ou da própria mama (afecções, infestações e infecções). A perfeita descida do leite permite uma adequada ordenha da vaca, restando nestas circunstâncias apenas um pequeno volume de secreção láctea nas cisternas da glândula e no sistema de ductos galactóforos, favorecendo a higidez do órgão. A retenção de maior volume de leite nos ductos e ácinos glandulares foram consideradas por si só indutora de inflamação do tecido epitelial de revestimento interno da mama, sendo por isso considerado significativo fator predisponente à colonização e desenvolvimento de infecções bacterianas intramamárias. Objetivou-se avaliar a influência da retenção láctea nos constituintes físico-químicos, bioquímicos, celulares e microbiológicos da secreção da glândula mamária de bovinos. As vacas utilizadas nesta pesquisa foram selecionadas em um rebanho criado e mantido no Estado de São Paulo (Natividade da Serra), produtor de leite e cujo manejo leiteiro utiliza o sistema manual de ordenha, com duas ordenhas diárias. As vacas selecionadas permitiram a formação de três grupos experimentais seguir: Grupo Experimental - G1, vacas submetidas a 10% de retenção de leite; Grupo Experimental - G2, vacas submetidas a 15% de retenção de leite e Grupo Experimental - G3, vacas submetidas a 20% de retenção de leite. Os parâmetros lácteos estudados foram as determinações físico-químicas (pH, eletrocondutividade, concentração de cloretos e calculo do índice cloreto/lactose); dosagens bioquímicas do leite (teores de gordura, proteína, lactose e sólidos totais); caracterização das células somáticas (avaliação indireta do número de células e contagem eletrônica dessas células) e; avaliação microbiológica das amostras de leite. A análise dos resultados obtidos permitiu concluir que: a retenção láctea determinou variações significativas na constituição físico-químicas, bioquímicas e microbiológica do leite; os valores da eletrocondutividade, das concentrações lácteas de cloreto, do índice cloreto/lactose e a freqüência de isolamentos bacteriológicos positivos aumentaram significativamente com o aumento do período de retenção; em contraposição os teores lácteos de lactose diminuíram; os valores dos teores de cloreto e índice cloreto/lactose aumentaram de forma diretamente proporcional ao aumento do volume da retenção láctea, os demais parâmetros foram influenciados pela retenção, independentemente do volume de leite retido; o número de células somáticas do leite não sofreu variações que pudessem ser atribuídas à retenção láctea; porém a avaliação qualitativa da celularidade determinada pelo CMT demonstrou que a retenção láctea determinava o aparecimento de escores de maior magnitude, retornando aos escores iniciais negativos após a supressão da retenção; a retenção láctea, independentemente do seu volume, determinou aumento marcante da freqüência de isolamentos bacteriológicos positivos, e em muitos casos, o isolamento ocorria, também, após a supressão da retenção láctea; comprovou-se a existência de correlação positiva e significante entre as seguintes variáveis estudadas: teor de cloreto e eletrocondutividade; índice cloreto/lactose e teor de cloreto; índice cloreto/lactose e eletrocondutividade e; concentração de sólidos totais e de gordura. A correlação foi negativa e significante entre: teor de lactose e eletrocondutividade e concentração de lactose e cloreto; as manifestações clínicas da retenção láctea, detectadas pela determinação de alterações dos elementos constituintes do leite e a freqüência de isolamentos, caracterizou um processo inflamatório incipiente, representando um fator etiológico predisponente à ocorrência de mamites; pelo desempenho das provas utilizadas para a avaliação dos efeitos da retenção láctea na secreção da glândula mamária, recomendou-se para complementação do exame físico da mama a realização dos seguintes exames subsidiando o diagnóstico clínico: prova do CMT, determinações da eletrocondutividade, dos teores de cloreto e lactose, com cálculo do índice cloreto/lactose e isolamento microbiológico com identificação das cepas bacterianas isoladas.

ASSUNTO(S)

retenção láctea milk retention fator predisponente predisposing factor milk constituents mastite animal animal mastitis constituintes do leite

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