Resposta de acessos de arroz (Oryza sativa L.) ao ataque da broca-do-colmo (Diatraea saccharalis Fabr., 1794) / Response of accessions of rice (Oryza sativa L.) to attack of stem borer (Diatraea saccharalis Fabr., 1794)

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

15/02/2011

RESUMO

Entre os estresses bióticos, os insetos-praga são considerados uma grande ameaça ao aumento da produção orizícola mundial e entre os grupos mais destrutivos encontra-se as brocas-do-colmo. Devido ao comportamento da lagarta D.saccharalis em alojar-se no interior do colmo de plantas de arroz e pela dificuldade de ser controlada por meio de produtos químicos, a utilização de cultivares resistentes a esta praga constitui-se em um método de controle viável isto porque não onera os custos de produção e é seguro ao ambiente. Este trabalho teve como principais objetivos observar a resposta de 34 acessos de arroz ao ataque da broca-do-colmo D. saccharalis, avaliando e descrevendo características morfológicas das plantas associadas à resistência de arroz a esta broca-docolmo e analisar, através de marcadores microssatélites, a diversidade genética destes acessos. O experimento foi conduzido em casa telada da Embrapa Arroz e Feijão utilizando delineamento experimental em blocos casualizados com quatro repetições. Durante a avaliação das plantas foram determinados alguns caracteres quantitativos e qualitativos dos acessos de arroz relacionados ao ataque de lagartas de D. saccharalis. Os caracteres quantitativos foram o número de lagartas vivas/colmo, o peso de lagartas sobreviventes, o diâmetro interno do colmo, o número de colmos atacados e a percentagem de colmos atacados. Já os caracteres qualitativos foram o tipo de lígula e pubescência do limbo foliar. Os acessos mais favoráveis a sobrevivência de lagartas foram IAC 47 e Ti Ho Hung que apresentaram em média 10,37 e 10,25 lagartas. As lagartas com maior peso (0,0986 g e 0,0862 g) foram encontradas em duas VT Canela de ferro (CA 780099 e CA 790164). O maior valor de diâmetro interno do colmo foi encontrado em duas VT Canela de ferro (CA 790164 e CA 980007) que apresentaram 3,18 mm. Os acessos introduzidos Ti Ho Hung e Chiang an Tso Pai Ku apresentaram em média os colmos mais danificados (7,04 colmos para as duas cultivares). A percentagem de ataque entre as LCI variou entre 49% a 93% nos acessos C 409 e Ti Ho Hung. Entre os acessos que compõe o estrato das LCB a percentagem de ataque variou de 45% a 88% em Bonança e IAC 47. Já entre as VT Canela de ferro, os acessos que apresentaram os valores de menor e maior número de colmos danificados foram CA 790167 e 810055 (95 e 57%, respectivamente). O número de lagartas sobreviventes apresentou correlação positiva e significativa com o peso médio de lagartas e número de colmos atacados. O diâmetro interno do colmo apresentou uma correlação positiva e significativa com o peso médio de lagartas. Neste sentido, as lagartas mais pesadas foram encontradas nos acessos com o maior diâmetro de colmo, mostrando o efeito positivo desta característica. Os caracteres qualitativos que predominaram entre os acessos de arroz foi pubescência do limbo foliar do tipo glabra e o formato da lígula do tipo fendida. Para análise molecular dos acessos de arroz foram utilizados 24 marcadores microssatélites. O PIC identificado por este conjunto de marcadores variou de 0,10 (RM 171) a 0,87 (OG 106), com média de 0,63. O número de alelos detectados ficou compreendido entre quatro (RM 171) e 28 (RM 14), totalizando 243 alelos e média de 10,12 alelos/loco e entre os alelos identificados 92 foram privados. O marcador que detectou o maior número de alelos privados foi o RM 14 com treze alelos e os acessos com os maiores números de alelos privados foram IR 42 e TKM 6. O valor combinado de P.I. foi de 1,005x10-18 e através da análise fatorial de correspondência (AFC) observou a distribuição espacial da variabilidade genética do conjunto de acessos analisados e verificou-se que as LCI TKM 6 e IR 42 distinguiram-se dos demais acessos. As demais cultivares e linhagens introduzidas formaram um grupo com maior similaridade genética entre si, da mesma maneira, as variedades tradicionais e as cultivares brasileiras encontraram-se mais próximas. O dendrograma obtido produziu um coeficiente cofenético r=0.82 e a distância genética média de Rogers-W foi de 0.62 e este valor foi utilizado como ponto de corte para a identificação de grupos mais similares. Observou-se a formação de cinco grupos distintos. Porém, apesar da presença destes cinco grupos, quatro acessos permaneceram não-agrupados ou isolados, que foram Primavera, Canela de Ferro - CA 220268, Su Yai 20 e TKM 6. Com exceção do acesso Ti Ho Hung, as demais LCI apresentaram características morfológicas (folhas pilosas e diâmetro interno do colmo menor que 2,5mm) semelhantes e se mantiveram agrupadas nas análises moleculares. De forma geral, as VT Canela de Ferro apresentaram-se semelhantes quanto à resposta ao ataque de D. saccharalis. As plantas destes acessos possuem folhas lisas e colmos com diâmetro interno maior que 2,5 mm. Somente um acesso (CA 220268) apresentou diâmetro interno do colmo menor que 2,5 mm e não se associou ao grupo das Canelas de Ferro nas análises moleculares. As LCB mostraram-se menos atacadas que as VT Canelas de Ferro. Porém, as características morfológicas das plantas de alguns acessos das LCB foram semelhantes as das VT Canela de Ferro, como nos acessos IAC 47, Caiapó e Confiança que apresentaram diâmetro interno do colmo maior que 2,5 mm e folhas com pubescência do limbo foliar do tipo glabra. Os resultados obtidos nesse trabalho indicam que as características morfológicas e análises moleculares foram capazes de separar os acessos de arroz em diferentes grupos. Com relação às características morfológicas, foi possível separar os acessos em grupos que responderam de forma diferente ao ataque da broca-do-colmo D. saccharalis. A análise molecular dos acessos permitiu avaliar com alto grau de detalhamento o nível da variabilidade genética existente entre os acessos, além de permitir a determinação da relação genética entre eles. A verificação da presença de variabilidade genética expressiva entre os 34 acessos fornece indícios de que estes podem ser utilizados pelos programas de melhoramento do arroz no Brasil como uma alternativa para aumentar a base genética dos acessos de arroz brasileiros, permitindo o surgimento de novas combinações alélicas e adaptações a ambientes específicos, o que pode proporcionar, por exemplo, uma redução da vulnerabilidade a insetos-praga.

ASSUNTO(S)

broca-do-colmo arroz resistência diâmetro do colmo marcador molecular agronomia arroz - pragas; praga de planta; broca-do-colmo stem borer rice resistance stem diameter molecular marker

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