Resistencia genetica e aspectos epidemiologicos, fisiologicos e anatomicos da infeccao de oidiopsis taurica em capsicum spp / Phenotypic and molecular characterization of Phytophthora capsici from vegetable crops and search and expression of genetic resistance in Cucurbitaceae and Solanaceae

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

Este trabalho descreve: (a) a diversidade de isolados brasileiros de Phytophthora de hortaliças usando-se marcadores fenotípicos e moleculares, e (b) a distribuição e identificação de resistência em Lycopersicon spp., Cucurbita spp. e Cucumis melo. Determinou-se ainda o efeito do estádio fenológico na expressão da resistência e identificaram-se novas hospedeiras. Na primeira parte do trabalho, a partir de uma coleção de 193 isolados de pimentão, tomate, abóbora, berinjela, jiló, cacau, pimenta-do-reino e seringueira, coletados nas cinco regiões geográficas do Brasil, fez-se a caracterização morfológica das estruturas sexuais e assexuais dos isolados, identificação do grupo de compatibilidade, identificação da resistência a metalaxil, avaliação da patogenicidade, agressividade e virulência dos isolados em frutos de pimentão e em plântulas de Capsicum annuum e Lycopersicon spp., bem como o seqüenciamento das regiões ITS e do gene 5.8S. O esporângio de todos os isolados estudados variou de piriforme clavado a limoniforme. O comprimento do pedicelo foi de 38 a 45 μm e as colônias mostraram-se estelares a rosiformes. A caracterização morfológica e fisiológica dos isolados demonstrou padrões consistentes para a espécie P. capsici, com alguns isolados diferenciados. O grupo de compatibilidade predominante na coleção foi o A1. O grupo de compatibilidade A2 foi mais freqüente na região Sul do Brasil. Os resultados indicaram que no Brasil não é comum o cruzamento sexual em P. capsici. A maioria dos isolados mostrou-se sensível a metalaxil em baixas doses. A concentração efetiva média capaz de inibir o crescimento em 50% foi de 1,39 μg.mL-1 para o isolados classificados como sensíveis e 15,08 μg.mL-1 para os isolados considerados de sensibilidade intermediária a metalaxil. Nenhum isolado foi classificado como resistente. É possível que isto se deva ao fato de que no Brasil metalaxil não venha sendo utilizado tão intensamente para controle de oomicetos como em outros países. Isolados da região Sul apresentaram-se como menos sensíveis a metalaxil. Todos os isolados analisados foram patogênicos em frutos de pimentão, mas alguns isolados como os de seringueira mostraram sintomas menos severos. A agressividade em frutos de pimentão não foi um indicador da especificidade do isolado ao hospedeiro de origem. Todos os isolados inoculados foram virulentos em plântulas de pimentão, contudo apresentaram agressividades variáveis. Os isolados estudados foram altamente agressivos aos genótipos de tomate incluindo isolados oriundos de pimentão. O isolado oriundo de pimenta-do-reino (Pci 8) foi virulento em plântulas de pimentão e tomate, contudo sua agressividade foi menor que a dos demais. Os resultados do seqüênciamento da região ITS 2 confirmaram dados morfológicos, separando os isolados em três grupos: 1) P. capsici, 2) P. nicotianae e 3) P. tropicalis. A homologia de seqüências e a análise filogenética apoiou a separação de P. tropicalis, P. nicotianae e P. capsici, com a grande maioria classificada como P. capsici. Todas as espécies são consideradas causadoras de podridão do colo e frutos em hortaliças e a expressão da patogenicidade, agressividade e virulência dos isolados ocorreu de forma diferenciada em frutos e plântulas. Na segunda parte do trabalho, 152 genótipos de Lycopersicon, 376 genótipos de Cucurbita e 74 genótipos de C. melo foram inoculados com dois isolados de P. capsici dos grupos de compatibilidade A1 e A2, pela deposição de 3 mL de suspensão de zoósporos na concentração de 5.104 no colo das plântulas. Foi avaliada a incidência da doença em três períodos de leitura. Em outros experimentos foram analisadas as reações de 41 cultivares comerciais de Cucurbita, Citrullus lanatus, C. melo, Lycopersicon e Capsicum annuum inoculadas com P. capsici aos 10, 20, 30 e 40 dias de idade. Por fim, foi analisada a suscetibilidade de 19 acessos de cucurbitáceas e solanáceas nativas quanto a um isolado de P. capsici. Observou-se a reação diferencial dos genótipos de Lycopersicon e Cucurbita aos isolados pertencentes aos dois grupos de compatibilidade de P. capsici. A reação de Lycopersicon a P. capsici foi separada por espécie com maior freqüência de suscetíveis nos acessos de L. peruvianum e a resistência nos acessos de L. esculentum. Não foram detectados níveis adequados de resistência nos acessos de Cucurbita. Aparentemente a expressão da resistência a P. capsici em genótipos de abóboras é mais influenciada pelo ambiente. Dentre as espécies de cucurbitáceas avaliadas, o gênero Cucumis apresentou maior freqüência de genótipos resistentes que Cucurbita. Entre as três espécies de Cucurbita avaliadas, C. moschata apresentou maior número de genótipos resistentes (R). O período mais crítico para infecção de P. capsici em genótipos de pimentão, tomate, abóbora, melancia e melão foi de 10 a 15 dias após o plantio. Inoculados 10 dias após o plantio (dap) os genótipos comerciais de cucurbitáceas e solanáceas tiveram em sua maioria classificação no grupo Suscetível-S (69%); aos 20 dap a resistência distribuiu-se entre as classes R (40%) e S (44%); por fim, a partir dos 30 dias, 56% dos genótipos foram classificados como R à P. capsici. As novas hospedeiras classificadas como suscetíveis à inoculação artificial de P. capsici foram Sicana odorifera (Croá), Nicandra physaloides (fisalis), Capsicum praetermissum (pimenta cumari), Cyphomandra betacea (tomate de árvore), Solanum paniculatum (jurubeba bahiana) e Solanum americanum (Maria pretinha).

ASSUNTO(S)

doenças das plantas abóbora fitopatologia tomate host genetic resistance phytophthora wilt pimentão ciências biológicas

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