Qual é o tratamento mais indicado para o câncer de colo uterino?

AUTOR(ES)
FONTE

Núcleo de Telessaúde Rio Grande do Sul

DATA DE PUBLICAÇÃO

12/06/2023

RESUMO

O tratamento das neoplasias intraepiteliais dar-se-á de acordo com o tipo e extensão da lesão. Em sua maioria, é conservador, ou seja, as técnicas utilizadas são a eletrocoagulação, crioterapia, coagulação a laser, excisão ampla com alta freqüência (CAF) e a conização (CAF ou bisturi).

A observação é possível quando as lesões são pequenas, com alterações histológicas leve, totalmente visíveis, com concordância citocolpo-histológica, em pacientes com possibilidade de acompanhamento rigoroso (

). Os mesmos critérios devem ser observados quando se opta pelo tratamento destrutivo (eletrocoagulação, crioterapia, vaporização com laser, termocoagulação ou fotocoagulação com infravermelho).

O tratamento excisional (alça, laser, bisturi) está recomendado nos demais casos (

). A excisão com alça ou Loop Electrosurgical Excision Procedure, ou a cirurgia de alta freqüência (CAF), utiliza gerador de alta freqüência.

Em uma revisão de 21 estudos randomizados controlados, analisando o tratamento de neoplasias intra-epiteliais cervicais (qualquer grau) com crioterapia, conização, ablação com laser e CAF, a conclusão foi de que não há diferenças de persistência ou resolução no tratamento de tais neoplasias entre estas técnicas (

).

Outra revisão com 23 estudos randomizados controlados, analisando o tratamento de neoplasias intra-epiteliais cervicais com todas as técnicas, concluiu que não há uma técnica cirúrgica superior para o tratamento destas neoplasias (

).

A crioterapia deve ser reservada a lesões de baixo grau (

). Estudos devem apontar o melhor custo-beneficio entre a biopsia dirigida mais o tratamento subseqüente, ou “olhar e tratar”, feito com a cirurgia de alta freqüência.

O tratamento do carcinoma micro invasor (caracterizado por apresentar invasão de até 3mm em profundidade e extensão horizontal de até 7 mm) que não invade espaços vasculares também pode ser conservador, pela conização, já que tais lesões apresentam um risco inferior a 0,25% de estarem além de seus limites histológicos (

).

O tratamento dos demais casos de câncer de colo deve ser radical, cirúrgico, radioterápico e quimioterápico (Grau de Evidência B). Nos casos com indicação cirúrgica, a conduta é a histerectomia radical que retira o útero, o terço superior da vagina e os paramétrios, com linfadenectomia pélvica (

). A cirurgia pode ser por via abdominal (Werthein-Meigs) ou por via vaginal mais laparoscópica (Schauta com linfadenectomia). A conservação dos ovários é pensada nas pacientes em idade reprodutiva. A histerectomia não-radical no câncer de colo é um procedimento iatrogênico por ser insuficiente como tratamento cirúrgico e por criar dificuldades para a radioterapia (

).

Quanto à sobrevida de cinco anos, no último boletim anual o tratamento cirúrgico se mostra superior à radioterapia nos estádios IA (97% vs. 78%), IB (86,7% vs. 74,9%) e IIA (82,2% vs. 74,9%); a partir do estádio IIB, a radioterapia da melhores resultados, com 73, 9% de sobrevida contra 58,4% na cirurgia (

).

Em uma revisão com oito estudos randomizados e controlados (n = 2.054), um estudo prospectivo (n = 263), 26 retrospectivos ( n = 11.265), quatro revisões de literatura ( n = 20.442) e 10 capítulos de livros, analisando tratamento e sobrevida, a radioterapia foi o tratamento dominante, sendo tão efetiva quanto a cirurgia para tumores iniciais; entretanto, somente estudos de língua inglesa foram incluídos, tornando difícil um julgamento de efetividade a partir dessa revisão (

).

As duas modalidades de tratamento (cirurgia ou radioterapia e quimioterapia), contudo, não são exatamente comparáveis, já que as séries cirúrgicas consistem em pacientes mais jovens, em melhor estado clinico e com tumores de menor volume. As vantagens da cirurgia incluem preservação da função ovariana e da função sexual após o tratamento. As complicações incluem disfunção e formação de fistula.

A principal vantagem da radioterapia é evitar um procedimento cirúrgico maior e sua complicação em pacientes com más condições clínicas. As complicações da radioterapia incluem perda da função ovariana, disfunção sexual, gastrintestinal ou vesical, além de fistulas retrovaginais e/ou vesicovaginais.

Pacientes com invasão do terço superior da vagina, mas sem envolvimento de paramétrios, têm manejo idêntico ao das pacientes com tumor limitado ao colo (cirurgia ou radioterapia) (

).

 

 

ASSUNTO(S)

apoio ao tratamento enfermeiro x75 neoplasia maligna do colo neoplasias uterinas a - estudos experimentais ou observacionais de melhor consistência b - estudos experimentais ou observacionais de menor consistência c - relatos de casos estudos não controlados prevenção e controle do câncer

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