Procedimentos para ensinar comportamento textual com base na nomeação de figuras

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2003

RESUMO

Este estudo faz parte de um programa mais amplo de pesquisa, visando o desenvolvimento de procedimentos de ensino de leitura. O objetivo consistiu em investigar a aquisição de comportamento textual pela transferência de controle de estímulos da figura para a palavra impressa. Participaram do estudo 42 alunos de uma escola pública de primeiro grau, que estavam apresentando dificuldades de aprendizagem. Dado que o aluno era capaz de dizer as palavras correspondentes às figuras, o procedimento básico consistia em emparelhar a figura e a palavra impressa. Sondas periódicas, com a palavra impressa apresentada sozinha, permitiam verificar se e quando o aluno começava a dizer a palavra diante da palavra impressa. Um procedimento controle consistiu em emparelhar a palavra impressa com a palavra ditada (em lugar da figura). Os estímulos visuais (figura e palavra impressa) apareciam centralizados na tela de um microcomputador; as palavras ditadas, previamente gravadas, eram apresentadas por meio de alto-falante. A tarefa do aluno consistia em falar a palavra correspondente à palavra impressa na tela. A resposta do aluno terminava a tentativa e produzia conseqüências diferenciais (para acerto ou erro). Se nenhuma resposta ocorresse, a tentativa era automaticamente encerrada após vinte segundos. Foram empregadas quatro condições experimentais, com 10 crianças em cada condição. Na primeira condição (Emparelhamento Simultâneo), os estímulos visuais (figura e palavra impressa) eram apresentados na tela ao mesmo tempo. Na segunda (Fading), a nitidez da figura ia sendo gradualmente reduzida, ao longo de tentativas sucessivas. Na terceira (Atraso), a tentativa começava com a palavra impressa na tela e a figura era apresentada alguns segundos depois; a duração do atraso aumentava gradualmente ao longo de tentativas sucessivas. Na quarta condição (Controle), em vez da figura era apresentada uma palavra ditada simultaneamente à palavra impressa. Em todas as condições, o programa de ensino era o mesmo: eram ensinados e testados 50 substantivos concretos, divididos em 5 conjuntos de 10 palavras. Cada bloco de 10 tentativas de treino por emparelhamento era alternado com um bloco de 10 tentativas de sonda (apenas a palavra impressa). Em uma primeira fase, foi conduzido um número fixo (5) de blocos de treino, visando estabelecer quanto cada participante adquiria do desempenho alvo. Na Fase 2, o treino prosseguia até que o aluno alcançasse 100% de acertos com um conjunto de 10 palavras, antes de passar para o conjunto seguinte. Um teste de leitura com as 50 palavras ensinadas (para verificação de retenção) e 30 palavras novas (para verificação de generalização) era conduzido ao final da Fase 2. Para cada condição experimental Simultâneo, Fading, Atraso e Controle, as medianas da porcentagem de leitura das palavras ensinadas ao final das fases 1 e 2, foram, respectivamente: 10 e 40%; 0 e 33,3%; 13,3 e 40%; e 6,3 e 40%. Os aumentos da Fase 1 para a Fase 2 foram estatisticamente significativos nas quatro condições, mas não houve diferenças entre as condições em nenhuma das duas fases. Os testes com palavras novas, em ambas as fases, mostraram que não ocorreu generalização de leitura. Apesar da melhora na leitura das palavras ensinadas, a retenção do comportamento textual foi bastante baixa (menos que 50% em todas as condições), evidenciando efeitos transitórios do emparelhamento figura-palavra impressa e dificuldade na transferência de controle de estímulos da figura para a palavra impressa. A ineficácia do procedimento poderia ser devida a uma série de variáveis, incluindo um possível efeito de bloqueio ou falta de emparelhamento sistemático entre a palavra falada e a palavra impressa, apontada pela literatura como essencial para a aquisição de leitura. No entanto, os dados da condição Controle, em que a palavra ditada era emparelhada à palavra impressa mostraram os mesmos níveis de desempenho e portanto, descartam essa possibilidade e sugerem a necessidade de investigação de outras variáveis, entre as quais o repertório de entrada do aluno.

ASSUNTO(S)

fracasso escolar controle de estímulos educacao especial procedimentos de ensino leitura (ensino de primeiro grau) comportamento textual

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