Pobreza material, juventude, disciplina e sonhos: a utopia urbana em questÃo. Estudo sobre a âCidade dos meninosâ em RibeirÃo das Neves/MG

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

O objetivo deste trabalho à analisar, à partir de uma perspectiva geogrÃfica, como o processo de metropolizaÃÃo de Belo Horizonte, a capital do estado de Minas Gerais, incidiu sobre a cotidianidade e os modos de vida da populaÃÃo de RibeirÃo das Neves, municÃpio da RegiÃo Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Procura dar destaque especial aos que optaram, de certa forma, por viver âforaâ do movimento conturbado da cidade em questÃo e apresenta uma discussÃo sobre o funcionamento de um projeto filantrÃpico denominado âCidade dos Meninos SÃo Vicente de Paulaâ, que traduziremos neste trabalho como âCidade dos Meninosâ (CDM), nome pelo qual à conhecido pela comunidade local. A relaÃÃo metrÃpole/periferia urbana à descrita, nesta pesquisa, a partir da observaÃÃo dos usos e das impossibilidades do urbano apontadas pelos ideais filantrÃpicos que se amparam no discurso da preservaÃÃo da moral cristà e da manutenÃÃo da ordem. Pessoas sÃo seduzidas pela idÃia de viver e morar longe dos problemas e dos conflitos do urbano. Buscam alternativas para este impasse distanciando-se o mais possÃvel de Ãreas comumente chamadas de âperigosasâ ou de riscos. Optam pelo afastamento das relaÃÃes pessoais mais intensas e ampliadas e se resguardam algumas vezes em guetos ou grupos fechados por afinidades. O arremedo de cidade se apresenta. A âCidade dos Meninosâ aponta caminhos que buscam dar respostas aos conflitos urbanos no municÃpio aonde se instalou. Uma das soluÃÃes para a nÃo vivÃncia dos aspectos negativos encontrados em RibeirÃo das Neves à o convite feito a centenas de jovens para que experimentem o regime de internato. Assim, aparentemente, a juventude materialmente desprivilegiada fica longe das drogas (e da famÃlia), do sexo (e das festas), do vandalismo (e dos lugares pÃblicos), da violÃncia (e da autonomia individual), da precariedade econÃmica (e da dinÃmica natural do municÃpio). SÃo escolhas que dÃo indÃcios de que o urbano se fragmenta e a utopia das cidades perde importÃncia. NÃo hà lugar para todos na dinÃmica urbana. A vivÃncia plena da cidade dà lugar à seduÃÃo dos muros que protegem e mascaram parte da realidade vivenciada diariamente. A pesquisa se deterà em perceber e explicar que nesta relaÃÃo da metrÃpole mineira com a sua regiÃo metropolitana, uma instituiÃÃo filantrÃpica ganha destaque pelas propostas apresentadas a centenas de jovens: vencer na vida atravÃs da preparaÃÃo para o mercado de trabalho à uma delas. A mÃo-de-obra juvenil e nÃo qualificada que faz uso constante da metrÃpole para diversos fins, sente-se envaidecida e prestigiada com tal possibilidade. Vidas se transformam, sonhos sÃo estimulados, um novo mundo se anuncia. A cidade perde um pouco do seu brilho. A instituiÃÃo âCidade dos Meninosâ, paradoxalmente, legitima o poder das iniciativas privadas de cunho assistencialista e mostra que o discurso da disciplina, da moral e da obediÃncia seduz e traz consigo a idÃia da ausÃncia do Estado como instrumento regulador da ordem. A preparaÃÃo para o trabalho aparece como forma de dominaÃÃo e de captura dos sonhos na periferia da capital mineira. Sonhos que, muitas vezes, tornam-se reais, possÃveis.

ASSUNTO(S)

geografia trabalho juventude periphery cidade dos meninos periferia work cidades e vilas - belo horizonte, regiÃo metropolitana de mg ribeirÃo das neves metropolizaÃÃo town of the boys metropolization youth

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