Perspectivas de desenvolvimento local entre os Terena, na aldeia urbana Marçal de Souza, em Campo Grande-MS: a opção pelo etnoturismo

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2004

RESUMO

Os Terena são povos indígenas originários dos Aruak, que habitaram diversas regiões da América do Sul, assim como regiões limítrofes do então Estado do Mato Grosso, conhecidas como Chaco Boliviano e Chaco Paraguaio. Devido a atritos interétnicos este povo se deslocou até o atual Mato Grosso do Sul e se fixou nas proximidades as cidades de Miranda e Aquidauana, vindo a se espalhar por outros estados, inclusive em Mato Grosso e São Paulo, posteriormente. Na Guerra da Tríplice Aliança, contra o Paraguai, os Terena se aliaram ao Brasil e contribuíram muito para a vitória, no entanto, perderam muito de suas terras para as famílias dos militares e fazendeiros que se instalaram na mesma região, após a guerra. Com pouco espaço nas aldeias e condições cada vez mais difíceis de sobrevivência, muitos saíram em busca de oportunidades nas cidades, nas quais, atualmente, vivem em bairros próprios como é o caso do Bairro Marçal de Souza, em Campo Grande-MS, foco da nossa pesquisa. O desenvolvimento local, nesse panorama, é conceituado e analisado sob diversos aspectos, principalmente no que se refere ao território, territorialidade e ao etnodesenvolvimento dos Terena no bairro em questão, procurando verificar as possibilidades e perspectivas representadas pelo turismo, que já acontece no local. Analisando diferentes nichos de mercado do turismo, encontram-se diversas nomenclaturas para designar formas de prática de turismo em áreas indígenas, que tratam da valorização da cultura e desenvolvimento destas sociedades. Assim, há o turismo cultural, o turismo indígena, o ecoturismo, o etnoturismo, entre outros. Nesse aspecto, o mercado de turismo está repleto de opções e convites para a sua prática voltada aos povos indígenas. No entanto, o que acontece é que esta temática está ainda em discussão, pois há pessoas que são a favor e outras que são contra esta prática. Os próprios indígenas, de forma geral, também, estão divididos frente à proposta, apesar de muitos serem a favor, mesmo sem saber o seu real significado e implicações. Não há, portanto, um etnoturismo estabelecido comercialmente e adequado. Encontramos, no entanto, a ocorrência do turismo na aldeia urbana, em Campo Grande, bem como em áreas indígenas da Austrália, onde há um comitê que regula o turismo indígena e, também, na Amazônia Brasileira, que apesar de algumas aldeias não o permitirem, há hotéis se instalando no local. Quanto à FUNAI, órgão brasileiro, proíbe o turismo em área indígena, apesar dele acontecer em diversos locais. A questão central refere-se à pergunta, até onde o etnoturismo, no caso da aldeia urbana Marçal de Souza, em Campo Grande-MS, pode representar um apoio ao seu desenvolvimento, na perspectiva do desenvolvimento local. Levando-se em consideração a bibliografia consultada e a própria realidade, entendemos que há possibilidades de que isto possa acontecer, desde que haja um planejamento específico para tal e que seja de acordo com a vontade e o protagonismo da comunidade envolvida. Até o momento, o turismo, como uma iniciativa da sociedade ocidental entre os não- índios, tem servido aos seus propósitos, e os Terena, povo indígena analisado, tem interagido com este fenômeno, aprendendo rapidamente os princípios pertinentes e através de artesanato e outras manifestações culturais têm demonstrado capacidade de empreendedorismo, buscando novas alternativas para se manterem neste mercado que pode, tornar-se uma nova e promissora forma de sobrevivência neste mundo globalizado.

ASSUNTO(S)

etnoturismo local development indígenas ethnictourism planejamento urbano e regional desenvolvimento local indigenous

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