Pensar, vivenciar e lidar com o diabetes / To think, to live and to deal with diabetes

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

Este estudo analisa as representações sociais e a experiência com o diabetes mellitus, articulando a dimensão simbólica, a partir dos significados e do sentido atribuído à enfermidade, e a dimensão concreta do seu gerenciamento. A investigação é pertinente devido à importância epidemiológica do diabetes no quadro sanitário brasileiro, à escassez de pesquisas sobre as enfermidades ou as condições crônicas na área de Antropologia e Saúde, além de se constituir em oportunidade para articular os planos micro e macroanalíticos no estudo do adoecimento. Foi empregada a metodologia qualitativa, na perspectiva socioantropológica, combinando as técnicas da pesquisa documental, da entrevista, do relato oral e da observação em campo (bairros, residências, serviços de saúde) para coletar as informações sobre as quais se procedeu, posteriormente, a análise temática. A análise dos dados sobre o saber biomédico e os modelos de intervenção baseou-se em textos básicos sobre o assunto e em documentos oficiais normativos sobre a atenção dirigida ao diabetes, complementando-se com os discursos dos adoecidos com a enfermidade, de não-adoecidos e de profissionais de saúde que atendem os diabéticos. Pela abordagem que se designou ?construtivista integradora?, para a qual a realidade social é constituída pelas práticas interacionais e interpretativas, mas também pela participação de elementos da estrutura social, as representações sociais e a experiência da enfermidade foram tomadas articuladamente numa relação de influência circular como componentes do processo de adoecimento, relativizando, dessa forma, tanto a determinação social ou cultural quanto a total autonomia/liberdade do indivíduo. O conceito de representações sociais valeu-se da sociologia francesa com a abordagem herzlichiana, e a experiência da doença respaldou-se no suporte fenomenológico. Concluiu-se, neste estudo, que as formas como o adoecido pensa e lida com o diabetes envolvem fatores de ordem estrutural, simbólica, do contexto da vida diária, da biografia do sujeito, da experiência (prévia e atual, pessoal e de outras pessoas) e do próprio curso da doença. Os profissionais de saúde, embora imbuídos pelo discurso médico-científico, reinterpretam o saber erudito sobre o diabetes no exercício de sua prática, a partir da experiência (profissional e pessoal), passando-a pelo crivo das representações. Em ambos os segmentos, o adoecimento mobiliza saberes e práticas que, reciprocamente, são reelaborados em função da experiência, das representações e pela intermediação dos elementos contextuais

ASSUNTO(S)

representações sociais public health diabetes mellitus diabetes mellitus medical anthropology antropologia medica saude coletiva social representations

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