PARÂMETROS TOXICOLÓGICOS EM CARPAS (Cyprinus carpio) EXPOSTOS A UMA FORMULAÇÃO COMERCIAL DE CLOMAZONE (GAMIT) / TOXICOLOGICAL PARAMETERS IN CARP (Cyprinus carpio) EXPOSED TO A COMMERCIAL FORMULATION OF CLOMAZONE (GAMIT)

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

07/10/2011

RESUMO

As formulações comerciais do herbicida clomazone têm sido amplamente utilizadas na agricultura e na piscicultura para controle de plantas daninhas. Os peixes podem ser afetados quando as águas de drenagem atingem os cursos dágua, acarretando um desequilíbrio no ecossistema aquático. Para avaliar uma possível contaminação foi determinada a CL50 (96h) utilizando-se uma formulação comercial contendo clomazone (Gamit) verficando-se parâmetros metabólicos, enzimáticos, genotóxicos e de estresse oxidativo em juvenis de carpas (Cyprinus carpio). Para o teste de toxicidade aguda, a fim de determinar a CL50, os peixes foram expostos às concentrações 10, 20, 30, 40 e 50 mg/L de clomazone em água durante 96 horas e o comportamento dos peixes foi analisado nesse período. Após a exposição, foi verificada a atividade da enzima acetilcolinesterase (AChE) no cérebro e músculo dos peixes mortos e das carpas que sobreviveram. No segundo experimento, os peixes foram expostos ao herbicida durante sete dias, tanto em condição de campo (lavoura de arroz irrigado) como de laboratório. A concentração utilizada na lavoura de arroz e no laboratório foi de 0,5 mg/L. Decorridos os períodos experimentais de 7 dias em condições de laboratório, e 7, 30 e 90 dias em condições de lavoura de arroz, foram retirados o cérebro, o fígado e o músculo dos peixes para realização das análises toxicológicas. Os parâmetros enzimáticos analisados foram a atividade da AChE, catalase (CAT) e glutationa S-transferase (GST). Também foram analisados alguns marcadores de estresse oxidativo, como a carbonilação de proteínas e níveis das substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS) no tecido hepático. Por fim, foram avaliados alguns parâmetros metabólicos como: glicose, glicogênio, lactato, proteína, amônia e os aminoácidos em fígado e em músculo de carpas. No plasma, foram feitas as dosagens de glicose, de lactato e de proteína. Em um terceiro experimento, as carpas foram expostas a aproximadamente 15% do valor obtido para a CL50 (5,0mg/L) por 7 dias. Posteriormente, foi verificada a formação das espécies reativas de oxigênio (EROs) e foram realizados os testes do micronúcleo e cometa (expresso por índice de dano do DNA). No primeiro experimento, foi observado que os peixes expostos a 20, 30, 40 e 50 mg/L, mostraram mudanças comportamentais e a CL50 (96h) foi 30,35 mg/L. Além disso, foi verificado que a atividade da enzima AChE não apresentou alterações significativas no cérebro dos peixes que morreram nas concentrações testadas (30, 40 e 50mg/L), e no músculo dos peixes mortos houve uma elevação na atividade desta enzima, quando eles foram expostos a 50 mg/L de clomazone. Já a atividade AChE diminuiu significativamente no cérebro dos peixes que sobreviveram após 96h de exposição a 10, 20 e 30mg/L, no entanto, aumentou no músculo dos peixes sobreviventes expostos a todas as concentrações testadas. No segundo experimento, os resultados mostraram que os peixes expostos a 7 dias não apresentaram alterações na AChE em condições de campo. No entanto, uma diminuição da atividade desta enzima no músculo foi observada em condições de laboratório. Durante o mesmo período de exposição, os parâmetros de estresse oxidativo mudaram tanto em condições de campo quanto em laboratório. Entretanto, os parâmetros metabólicos foram alterados apenas em condições de campo. Após 30 e 90 dias, a atividade da AChE não se alterou em condições de campo. Distúrbios nos parâmetros de estresse oxidativo e metabolismo foram evidentes nos tecidos até 90 dias após a aplicação. Os resultados mostraram que a atividade da AChE alterou apenas em condições de laboratório, e que marcadores de estresse oxidativo associados aos parâmetros metabólicos podem ser bons indicadores de contaminação para o clomazone em C. carpio em condições de campo. No terceiro experimento, os resultados mostraram um aumento da formação das EROs e significativo aumento dos MN e de danos no DNA dos eritrócitos após a exposição a 5,0 mg/L do herbicida clomazone. De acordo com os resultados obtidos, conclui-se que o herbicida estudado pode ser perigoso para as carpas quando expostas, devido ao aumento das EROs que por sua vez causam estresse oxidativo, evidenciado por alterações em marcadores enzimáticos, metabólicos, genotóxicos e de estresse oxidativo. Contudo, mais estudos serão necessários para verificar a segurança desse herbicida para os cultivos associados utilizando-se arroz e peixes.

ASSUNTO(S)

rizipiscicultura carpas toxicidade ciencias biologicas clomazone toxicity rice-fish culture carp clomazone

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