Paisagens sonoras, tempos e autoformação

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

As sociedades atuais vivem tempos de velocidade, individualismo, ausência de enraizamento histórico: em sintonia com o processo civilizatório do mundo ocidental contemporâneo profundamente marcado pelo paradigma da globalização. A poluição visual e sonora das grandes cidades é, ao mesmo tempo, a expressão da poluição dos sentidos e afetos humanos. Refletindo sobre esse processo, a tese argumenta em favor de uma formação pautada na lógica do sensível que tem na escuta perto da natureza (Lévi-Strauss) um de seus pilares epistemológicos fundamentais. Esta forma de pensar e viver reconhece na autoformação (Edgar Morin), e no exercício de construção, pelo sujeito, de suas próprias paisagens sonoras (Murray Schafer), dois operadores cognitivos capazes de nutrir os princípios da diversidade, da complexidade, da interdependência e do respeito à natureza (Fritjof Capra). No percurso argumentativo desta tese ganham ênfase os saberes da tradição, as práticas e conhecimentos produzidos pelas sociedades mais próximas da natureza as quais, por meio de estratégias cognitivas abertas e polifônicas, dão relevo às faculdades sensíveis e à complementaridade dos dois itinerários do pensamento: o simbólico/mitológico/mágico e o empírico/técnico/racional (Edgar Morin). Próxima de uma perspectiva autobiográfica, a tese apresenta-se na forma narrativa de um diário com evocações poéticas, filosóficas e musicais germinadas da escuta de uma paisagem particular, a Lagoa do Piató, localizada na região do Assu (Rio Grande do Norte) e, em especial, das narrativas e evocações de memória de um de seus moradores a quem poderíamos chamar de um filósofo da natureza, Francisco Lucas da Silva (Chico Lucas). Em seguida, são descritos os não-lugares (Marc-Augé) dos cenários metropolitanos, problematizando assim os excessos de poluição sonora, visual e afetiva. Tendo como pressuposto uma educação complexa ancorada na indissociabilidade entre reforma da educação e reforma do pensamento, formação e autoformação (Edgar Morin), ao final, a tese propõe oficinas de experimentação da escuta sensível entre jovens e crianças no contexto escolar, apostando nas futuras gerações (Ilya Prigogine) para a refundação de um mundo mais justo e solidário

ASSUNTO(S)

educação complexité savoirs de la tradition paisagens sonoras paysages sonores Éducation escuta sensível autoformação Écouter sensible saberes da tradição complexidade educacao autoformation

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