Os projetos pedagogicos das escolas medicas no Brasil Imperio : uma contribuição para avaliação do ensino superior no pais

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2002

RESUMO

O presente trabalho objetiva detectar os principais elementos dos campos da saúde e do ensino e de várias áreas da sociedade brasileira que contribuíram para a emergência e configuração de projetos pedagógicos das Escolas Médicas no país, durante o século XIX. Para sua elaboração foram estudadas as Faculdades de Medicina da Bahia e Rio de Janeiro, as duas escolas do período. Foi realizada análise documental e de obras em várias instituições e bibliotecas, tanto do período assinalado quanto de fases mais recentes, cobrindo o período de 1808 a 1889. Para essa análise foram construídos bancos de dados relacionais, através do programa Access da Microsoft, que possibilitou a emissão de relatórios com diferentes formatos, de acordo com os elementos analisados. O principal resultado, refere-se a sistematização dos diferentes projetos de ensino médico elaborados e implementados no período, contendo: 1) os processos sóciopolíticos envolvidos na formulação desses projetos e de políticas governamentais com respeito ao ensino médico; 2) os diferentes momentos de organização dos médicos enquanto categoria profissional e suas influências na definição dos projetos de ensino médico; 3) a caracterização desses projetos; 4) as condições de implementação e desenvolvimento dos mesmos e 5) os resultados obtidos do ponto de vista das escolas, de seus docentes e de vários setores sociais que se manifestaram a respeito. Concluímos que os projetos pedagógicos das Escolas Médicas, no Brasil, sofreram importantes influências dos níveis governamentais do Império brasileiro, relacionadas às necessidades de governo e administração do país, por um lado, e, por outro, das XII concepções e interesses dominantes dos grupos e blocos históricos no poder, em cada fase histórica, caracterizadas, principalmente, por uma restrita ilustração utilitarista e aristocrática lusitana. Com relação à categoria profissional dos médicos, deduziu-se que os vários projetos de ensino médico compunham seu conjunto de interesses, embora essa corporação somente se tenha organizado socialmente no final do século XIX. Nesse aspecto, observaram-se os vários momentos de organização dessa categoria profissional e suas influências sobre o ensino médico. Do ponto de vista das Escolas Médicas, observou-se a intensa utilização de modelos europeus na configuração de seus projetos pedagógicos, no que diz respeito aos conteúdos, métodos de ensino e organização político-administrativa da instituição, embora esses modelos fossem adaptados a realidade nacional, principalmente frente à ausência de recursos materiais, à falta de capacitação dos professores e aos interesses e concepções dos mesmos. Quanto a esses modelos, concluiu-se pela predominância dos da França, até aproximadamente 1870, quando passou a ser defendido e implantado o modelo alemão de ensino médico. Finalmente, inferiu-se que não ocorreu a institucionalização da pesquisa e da produção de conhecimentos nas escolas médicas no período, devido ao modelo sócioeconômico adotado durante o período colonial, no qual a técnica, o conhecimento e a competência profissional não eram, ainda, elementos que integravam os horizontes das elites governantes .

ASSUNTO(S)

medicina - brasil - historia educação e estado ensino superior

Documentos Relacionados