Os espaços móveis da memória na poesia de Carlos Drummond de Andrade.

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Esta tese orienta-se por uma leitura da lírica drummondiana, através da qual sobressai a análise da relação afetivo cognitiva que o poeta estabelece com elementos (pessoas, espaços, instituições...) perdidos na nebulosa do tempo, evidenciando-se, sobretudo, a mediação da dimensão temporal como recurso dinamizador da relação poesia/espaço. No atrito com o tempo corrosivo, o poeta dedica-se a registrar as conquistas e as perdas da maturidade, enriquecendo sua obra com a expressão das tensões vividas pelo homem que, lúcido, caminha para a dissipação. Por um lado, essa inscrição da existência na série cronológica faz nascer a noção de que a temporalidade é, em si, cega e irreversível, visto a seqüência dos tempos não garantir um traçado evolucionista do inferior para o superior. Por outro lado, a maturidade sobrevinda faculta-lhe um gesto de resistência: o seu deslocamento em direção aos antepassados para compreender a conformação de sua consciência permite-lhe restabelecer laços afetivos, e, nesse processo, recriar lingüisticamente o seu passado. Uma parcela considerável de sua poesia memorialística traz um tom profundamente marcado pela dúvida, pela inquietude, pelo sentimento de culpa. Esse período de autoanálise mais dura faz sua poesia resvalar na mitificação da família e da Minas Gerais de sua infância, o que acaba por lançar sobre si próprio certa suspeição, marcada principalmente pelo motivo do desajuste familiar. A partir de Lição de coisas, já aos 60 anos de idade, e principalmente com Boitempo, observa-se na poesia de Drummond uma disposição biográfica sem a pungência ou a acrimônia que se percebem em outros versos nos quais o poeta trata de si mesmo ao longo de sua obra.

ASSUNTO(S)

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