O efeito dos filhos sobre a participação feminina no mercado de trabalho brasileiro: explorando diversas fontes de variação exógena na fecundidade

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

O declínio acentuado da fecundidade e, ao mesmo tempo, a presença cada vez mais marcante da mulher no mercado de trabalho nas últimas décadas têm motivado estudos que buscam analisar a associação entre o número de filhos e a participação laboral feminina. Diante desse contexto, o objetivo dessa tese é entender melhor a relação filhos-trabalho para as mulheres. Entretanto, mais que mensurar essa associação, estimamos o efeito dos filhos sobre a participação delas no mercado de trabalho brasileiro, observando a evolução temporal desse efeito desde os anos de 1990. Isto porque, a maternidade tem inúmeros efeitos sobre a carreira profissional das mulheres: pode levá-las a desistir de trabalhar (temporariamente ou definitivamente), encorajá-las a reduzir seu tempo de trabalho ou até mesmo fazer com que mudem de profissão ou de segmento do mercado, além de poder retardar sua promoção a melhores cargos e seus aumentos salariais (Maron &Meulders, 2007). Além disso, com base no fato de que cada filho possa apresentar um efeito diferenciado sobre a decisão laboral das mães, já que há motivos para acreditar, por exemplo, que o primeiro filho é aquele com o efeito mais forte sobre a entrada ou permanência da mãe no mercado de trabalho (Lérida, 2006), estimamos o efeito do primeiro, do segundo e do terceiro (ou mais) filhos sobre a participação feminina no mercado de trabalho, separadamente. Contudo, devido ao fato de que ter filhos e trabalhar constituem decisões muitas vezes tomadas simultaneamente pelas mulheres, estimar o efeito de filhos sobre sua participação no mercado não constitui tarefa trivial, já que os métodos convencionais não permitem que estimemos esse efeito, mas apenas a associação entre essas variáveis. Assim, estimamos o efeito de filhos com base em variáveis que afetam a fecundidade e que só afetam a oferta de trabalho feminina por meio da fecundidade; o que elimina o problema da endogeneidade filhos-trabalho feminino. Entre os resultados, de maneira geral, encontramos que os filhos diminuem a probabilidade de participação das mulheres no mercado de trabalho e que esse efeito é mais negativo quando se trata do primeiro e do terceiro (ou mais) filhos. Ademais, entre as décadas de 1990 e 2000, o efeito negativo de filhos sobre a participação feminina no mercado de trabalho perdeu magnitude.

ASSUNTO(S)

mães emprego teses. mães trabalhadoras teses.

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