O controle motor nos movimentos com reversão em individuos normais e portadores da doença de Parkinson : o efeito de diferentes amplitudes de movimento

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

Este estudo se propôs a analisar as características cinemáticas e eletromiográficas (EMG) dos movimentos voluntários uni-articulares unidirecionais e com reversão do cotovelo, em indivíduos jovens e idosos saudáveis, como também em indivíduos portadores da doença de Parkinson. Método: Os sujeitos permaneceram sentados em uma cadeira, com o antebraço direito sobre um ?manipulandum? horizontal, de modo que o cotovelo direito se posicionava sobre o eixo de rotação do ?manipulandum?. O ombro ficou abduzido a 90°, ou seja, com o braço na horizontal. Nos movimentos unidirecionais, os sujeitos eram instruídos a mover em direção a um alvo e parar (somente flexão), já nos movimentos com reversão foi necessário realizar os movimentos em direção ao alvo e depois reverte-lo a uma nova posição (flexão e extensão). Os movimentos foram realizados em amplitudes variadas, tanto de ida, quanto de retorno do movimento. Registrou-se a atividade EMG do músculo bíceps braquial (BIC) e do tríceps cabeça lateral (TR). Os portadores da doença de Parkinson foram avaliados em dois momentos, no período em que a medicação estava em sua ação mínima (cerca de 12 horas após a ultima dose da medicação) e reavaliados 1-1,5h após a ingestão do medicamento anti-parkinsoniano. Resultados: Em indivíduos jovens e idosos saudáveis observou-se que na fase de desaceleração ao alvo ocorre a supressão da atividade do segundo burst agonista (BIC) em movimentos com reversão. Nesta mesma fase houve um aumento da magnitude da atividade EMG do antagonista (TR) com a distância de retorno. Após a reversão, a atividade EMG do TR, que nesta fase atua como agonista, continua a modular a magnitude EMG com o aumento da distância de retorno. Os portadores da doença de Parkinson moveram mais lentamente que os indivíduos idosos saudáveis, diminuindo a magnitude dos bursts EMG durante a aceleração nos movimentos de ida e nos de retorno. No momento da desaceleração os parkinsonianos apresentaram um aumento na co-ativação entre o agonista e o antagonista. Após a medicação, os parkinsonianos moveram mais rapidamente e mostraram um aumento na magnitude da atividade EMG na fase de aceleração dos movimentos. Discussão: Os resultados demonstraram que o envelhecimento não modifica a modulação dos padrões de ativação EMG. A supressão do segundo burst agonista (BIC) otimiza a função do antagonista (TR) que atua desacelerando o membro. Na fase subsequente o TR acelera o membro em direção à posição inicial. O aumento da magnitude da atividade EMG do TR com a distância de retorno sugere que o sistema nervoso central gera a atividade EMG capaz de não apenas desacelerar o membro ao alvo, mas também reverter sua direção e lançá-lo de volta à posição inicial. Os portadores da doença de Parkinson apresentaram múltiplos bursts de aceleração de pequena magnitude, que levam o parkinsoniano a mover lentamente. A co-ativação entre o agonista e o antagonista no momento da desaceleração do movimento aumentou a estabilidade para que o movimento fosse revertido com mais precisão. Por fim, o uso da medicação anti-parkinsoniana sugere a melhora do planejamento motor durante os movimentos com reversão, aumentando a magnitude da atividade EMG durante os momentos de aceleração do movimento

ASSUNTO(S)

doença de parkinson movimentos de reversão eletromiografia

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