Meta-corpos: a trajetória da subjetividade ao longo de um século

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

Esta pesquisa se situa na intersecção das comunicações e das artes, mais especificamente naquilo que vem sendo chamado de arte-mídia. Como objeto de investigação foi detectada a complexidade em que está envolvida a questão da subjetividade na cultura contemporânea. Teorias e conceitos tradicionais na filosofia e na cultura não dão mais conta da diversidade das formas de subjetividade emergentes. Estreitamente ligado à subjetividade, um dos problemas mais candentes no debate contemporâneo é o problema do corpo. Em muitas áreas, nas diversas ciências e na filosofia, assim como nas mídias, literatura, arquitetura, design e artes, o corpo tornou-se um nó de interconexões para onde os debates têm convergido. Entre todos esses campos, a arte se destaca pela multiplicidade e intensidade com que tem tratado a questão do corpo. Assim sendo, a arte é aqui concebida como chave de entrada e de saída para se detectar os rastros qualitativos das subjetividades: identitárias, transgressoras, de resistência, de controle, ou regulação, afetivas ou em desafeto, em transformação, de inquietação, risco e perigo; as do excesso, as existenciais, as simbolistas, as instáveis. A fundamentação teórica que se mostrou mais adequada à discussão do problema foi a teoria da complexidade de Morin e, por afinidade, a teoria da subjetividade do psicanalista cubano Gonzalez Rey. O corpus de análise foi extraído de um campo de experimentação e registros artísticos formado por obras cinematográficas, fotográficas, literárias, vídeos e ambientes imersivos. A seleção desse corpus nasceu da experiência da autora com curadorias ao longo dos anos. Essa experiência levou ao desenvolvimento de uma metodologia que permite reler a história da arte a partir de um ponto de vista que a cultura midiática atual nos oferece no contexto de registros artísticos do aqui e agora, instanciados por um passado recente e materializados por meio de uma investigação multidisciplinar e uma mirada intersemiótica. A pesquisa levada a efeito nos levou à conclusão de que a tecnologia, a clonagem, o corpo em evidência, a violência, a auto-estima problematizada, os tênues limites entre a sanidade e a loucura, a transferência de sistemas, o sublime, tudo isso se articula para confirmar a hipótese de que o corpo representado, simulado ou incorporado pelo artista é índice de processos de subjetividade em trânsito. Como resultado dessa confirmação, o termo que foi encontrado para responder a questão proposta pela pesquisa e caracterizar o sujeito sem contornos fixos, movediço e mutável, é o sujeito hiper, que faz jus à sua condição fluida e líquida

ASSUNTO(S)

arte semiótica corpo humano -- aspectos sociais comunicacao arte e tecnologia subjetividade mídia corpo humano na arte arte minimalista arte moderna -- seculo 20

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