Memoria de si, historia dos outros : Jeronimo Arantes, educação, historia e politica em Uberlandia nos anos 1919 a 1961

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2004

RESUMO

Esta pesquisa tem como objetivo analisar a trajetória do professor, funcionário público (Inspetor Municipal de Educação e chefe do Serviço de Educação e Saúde do Município), memorialista e jornalista Jerônimo Arantes, no período que remonta aos anos de 1919 a 1961, vividos na cidade de UberlândiaIMG. As questões que orientaram esta investigação giraram em tomo da relação existente entre, de um lado, as representações construídas por ele em tomo da educação, do exercício de um cargo no serviço público e da escrita da história e de outro a polftica. Nesse sentido, as perguntas às quais procuramos responder podem ser formuladas nos seguintes termos: Quais eram os liames estabelecidos entre a educação e o poder polftico local? Quais foram os sujeitos sociais destacados por Arantes em sua revista Uberlândia llustrada? Como situar a produção de Arantes, que, concomitantemente aos textos escritos, utilizava como fonte de pesquisa, ainda que muito subsidiariamente, o testemunho dos "excluídos", por meio do emprego de depoimentos de ex-escravos e de trabalhadores braçais, muitas vezes, analfabetos? A valorização das memórias daqueles que a escrita da história positivista renegava estaria relacionada, em sua obra, a um deslocamento em direção à incorporação de novas fontes de pesquisa? Para discutir esses aspectos, empregamos como fonte tanto os documentos pertencentes à Coleção Professor Jerônimo Arantes (CPJA), depositados no Arquivo Público de Uberlândia (APU) - jornais, livros, revistas, correspondência pessoal, provas de exames finais elaboradas por Arantes e aplicadas aos alunos na sua escola particular, o Colégio Amor às Letras, memorandos e oficios expedidos e recebidos pelo Serviço de Educação e Saúde do Município e também pelo Diretório Municipal de Estatísticas, recortes de jornais e revistas -, quanto jornais, revistas e atas das reuniões escolares incorporados ao acervo geral daquele mesmo Arquivo. Utilizamos, também, as fontes orais por meio de entrevistas e informações verbais obtidas junto a pessoas que conheceram e conviveram com Arantes na cidade de Uberlândia. Os resultados aos quais chegamos possibilitam apreender que, embora não tendo exercido nenhum mandato político, Arantes não se afastou do poder local. Ao contrário, foram constantes os nexos estabelecidos entre ele, a educação e a polftica durante o período que recortamos para a pesquisa. Por meio de seu envolvimento com a educação (primeiro, em sua própria escola e, depois, no serviço público inspecionando as instituições de ensino municipais) e de suas atividades no meio jornalístico, assim como por intermédio de suas incursões no campo da produção da história local, ele sempre esteve próximo da polftica, em particular, daqueles que ocuparam o poder executivo no município. Concluímos, também, que os nexos estabelecidos entre Arantes e o poder polftico não se fundaram em uma mera subserviência do primeiro ao segundo, mas, sim, constituíram-se com base em uma gama de interesses e necessidades mútuas, assim como de uma convergência entre projetos pessoais e coletivos

ASSUNTO(S)

politica educação memoria historia local

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